Por: Ana Vieira
A empresa portuguesa Integer Consulting, especialista em outsourcing de tecnologias de informação, desenhou um programa inovador que disponibiliza casa e escritório aos colaboradores estrangeiros que se mudem para Portugal.
Com escritórios em Lisboa, Porto e Brasil, a Integer destaca a dificuldade na contratação, gestão e retenção de mão de obra especializada em regime outsourcing para o nosso país.
Para ultrapassar esta barreira, surgiu o programa “Integer Living Hub”, lançado no início deste mês de maio, que disponibiliza casa e escritório, no mesmo prédio, por um periodo inicial de nove meses, por valor abaixo do mercado.
“No fundo, a Integer acaba por ser um para-raios, um escudo protetor de todas as adversidades típicas das mudanças”, afirma Rúben Santos, Head of Outsourcing Services da Integer.
PME Magazine (PME Mag.) – Como surgiu o programa Integer Living Hub?
Rúben Santos (R. S.) – O programa Integer Living Hub — que disponibiliza seis apartamentos e um espaço de coworking — foi lançado no início de maio para atrair talento estrangeiro, especialmente do Brasil, para trabalhar em Portugal nas nossas áreas de atividade: outsourcing, desenvolvimento de software à medida e cibersegurança. Isto porque percebemos que a habitação era um desafio significativo para quem muda de país. As rendas elevadas, a necessidade de fiadores e escolher uma zona numa cidade desconhecida são obstáculos comuns. Portanto, este programa tem como objetivo reduzir todo este ruído, dar tempo às pessoas de fazerem as escolhas certas e proporcionar segurança, comodidade e bem-estar a quem quer ter uma carreira na Integer.
“(…) a nossa equipa também ajuda em todo o processo de relocation”
Além da questão da residência, de referir que a nossa equipa também ajuda em todo o processo de relocation, nomeadamente com: vistos, NIF, abertura de conta no banco, contabilidade e inclusive garantir o transporte do colaborador e da sua família do aeroporto até ao alojamento. No fundo, a Integer acaba por ser um para-raios, um escudo protetor de todas as adversidades típicas das mudanças. E isso faz toda a diferença a nível de atrair e de reter talento, pois as pessoas valorizam quem as sabe receber.
PME Mag. – A quem é que se dirige o programa e quais as condições para poder usufruir?
R. S. – O programa é apresentado durante o processo de recrutamento a todos os candidatos estrangeiros que desejam residir em Portugal temporariamente enquanto organizam as suas vidas. A média de permanência estimada é entre seis a nove meses, podendo variar conforme a necessidade.
“A Integer oferece seis apartamentos equipados e mobilados na Portela”
Caso os apartamentos estejam todos ocupados e a pessoa tenha realmente interesse, pode, em algumas situações, começar a trabalhar no seu país e vir apenas quando houver vaga. Somos flexíveis e nunca vamos perder talento por falta de oferta num determinado momento. A Integer oferece seis apartamentos equipados e mobilados na Portela, com capacidade para 13 pessoas e um espaço de coworking exclusivo no mesmo edifício. Trata-se de uma localização privilegiada, dado que o edifício integra um shopping que fornece os serviços essenciais (farmácia, restaurantes, banco, supermercado, padaria, café…), dispõe de paragem de autocarros à porta e de metro a 1 km e fica apenas a 10 km de Lisboa de carro.
PME Mag. – Há algum custo associado para o colaborador?
R. S. – A Integer investiu neste espaço — arrendamento e remodelação — 250 mil euros a três anos. Na prática, somos o senhorio dos colaboradores; mas somos um senhorio facilitador e não um senhorio que promove a especulação imobiliária. Ou seja, não cobramos cauções, não pedimos fiadores e ainda praticamos valores — incluem rendas (apartamento e coworking), despesas (água, luz, e internet vão passar a fazer parte) e limpeza semanal — inferiores aos praticados pelo mercado.
O nosso objetivo não é explorar o colaborador e tornarmo-nos numa agência imobiliária. Muito pelo contrário, e como já referi, a ideia subjacente a este programa é tão-somente, reduzir stress e ansiedade e garantir conforto e tranquilidade numa fase provisória da sua vida.
PME Mag. – Ponderam alargar o programa a outras zonas do país?
R. S. – Desde que começámos a falar do Integer Living Hub durante o processo de recrutamento que verificámos, não só um elevado interesse/curiosidade, mas também adesão ao mesmo. Presentemente, e para contextualizar, já temos dois apartamentos ocupados e contamos ter tudo preenchido até julho, pois as contratações já estão quase finalizadas. Apesar de ainda estarmos num período inicial e de ser fundamental testar este conceito na prática e afinar algumas questões (se for necessário), tendo em conta o sucesso do programa até agora, tudo nos leva a crer que o passo seguinte será continuar a investir neste protótipo.
Num primeiro momento — poderá ser viável já a partir do próximo ano — a ideia será disponibilizar mais apartamentos no mesmo edifício, alargando assim a oferta a quem vem trabalhar para a zona de Lisboa. Paralelamente ou depois, conforme se justificar, até podemos reproduzir este modelo noutras geografias em Portugal que façam sentido.
PME Mag. – Que outros programas internos que promovam a retenção de talento oferece a Integer?
R. S. – Atrair e reter talento na área das TI é um problema universal, pois, além da falta de mão de obra, estes profissionais também não se regem só por salários competitivos, seguro de saúde e benefícios resultantes de parcerias (temos 40 com ginásios, restaurantes, telecomunicações…), mas acima de tudo por projetos inovadores. Portanto, logo à partida, a Integer procura ter desafios interessantes para oferecer.
“(…) comemoramos o aniversário dos colaboradores enviando um bolo para casa e oferecemos um kit de bebé aos futuros pais.
Estimulamos ainda de forma continuada ações de proximidade, pois acreditamos que é o sentimento de pertença a uma comunidade que leva os colaboradores a permanecerem numa empresa. Por isso, mantemos uma comunicação regular e transparente (através de mentores, de managers de projeto, de newsletters e de redes sociais), organizamos inúmeras iniciativas (jantar de Natal, kick-off, afterworks, summer event, team-buildings…), comemoramos o aniversário dos colaboradores enviando um bolo para casa e oferecemos um kit de bebé aos futuros pais. Temos ainda permanentemente à disposição uma plataforma de formação em diversas áreas (soft skills, línguas, tecnologia…).
No que toca a programas, criamos: Talks frequentes (sobre temas atuais de tecnologia e sobre questões de recursos humanos), Trade IN (o nosso Marketplace), Game In (jogos que permitem a acumulação de pontos e a troca dos mesmos por prémios atrativos), Find Your Talent (cada colaborador vai contribuir com o seu talento para, em grupo, se conseguir uma solução para um problema previamente identificado) e o BFF (o colaborador que recomenda um amigo para uma vaga recebe prémios à medida que a pessoa vai passando nas fases de recrutamento).
Destaque para um programa diferenciado que nos orgulha. Trata-se do Better IN, o qual começou em 2020, liderado pelo CEO Luís Setúbal, e que conta com ajuda de uma coach certificada pela International Coach Federation (ICF) e pelo European Mentoring & Coaching Council (EMCC), duas entidades internacionais reconhecidas na área. Todo o conteúdo faz uso do Leadership Circle Profile (LCP) e visa estimular o desenvolvimento de competências como autoconsciência, comunicação e liderança. A ideia é: se cada profissional valorizar o seu desenvolvimento pessoal e comportamentos positivos, esses mesmos comportamentos vão impactar e influenciar positivamente os colegas. Deste modo, os colaboradores vão sentir-se mais felizes e motivados, o ambiente será mais saudável e o trabalho em equipa mais profícuo.
PME Mag. – Além do Brasil, há planos para alargar a internacionalização da empresa?
R. S. – A internacionalização da Integer diz respeito a três grandes vetores: contratação de colaboradores estrangeiros, angariação de clientes/projetos e até abertura de escritórios. Para se ter uma ideia, no ano passado, a aposta fora de portas já alavancou 10% da faturação e, em 2024, dado termos reforçado o nosso investimento na área internacional e aumentado a equipa a olhar para esses mercados, prevemos que represente entre 15 a 20% (crescimento de 5 a 10%). Por isso, a internacionalização faz parte, sem dúvida, da estratégia presente e futura de expansão da empresa.
Neste momento, a Integer tem a decorrer projetos no Reino Unido, na Bélgica e na Suíça, três geografias em que vamos continuar a investir. Ainda na Europa, vão estar no radar Países Baixos e Luxemburgo. EUA e Canadá também estão na mira. O nosso interesse nestes locais prende-se com o facto de serem tecnologicamente mercados maduros e com enorme necessidade de mão de obra especializada. Com o nosso histórico de sucesso, estamos confiantes de que vamos deixar uma marca positiva e duradoura.