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Mariana Amaro
Mariana Cunha Amaro, Board Member da PWN Lisbon (Fonte Divulgação)

O Poder da Versatilidade na Liderança

Por: Mariana Cunha Amaro, Board Member da PWN Lisbon


Ao longo do meu percurso de vida (e de carreira!), tenho vindo a refletir sobre várias características que me definem enquanto pessoa (e líder!).

Hoje escrevo sobre uma delas – a Versatilidade – que se pode materializar numa grande questão: “num contexto organizacional, é melhor ser Generalista ou Especialista”?

Sei que muito já se debateu sobre o tema, mas quando um dia me disseram “nunca mais quero trabalhar contigo por seres generalista e nunca serás ninguém se não tiveres uma área de especialidade”, tive necessidade de investigar, de saber mais e de construir a minha perspetiva sobre esta temática.

Para contexto, comecemos pelas definições:
– um Especialista tende a focar-se numa única área, competência ou indústria, assumindo um conhecimento aprofundado e técnico sobre a mesma. Defensores deste perfil indicam que uma pessoa beneficia muito em ter uma especialização o mais cedo possível para alcançar a excelência desejada.
– um Generalista define-se como alguém com múltiplas competências em várias áreas e indústrias. O seu conhecimento é muito menos detalhado do que um Especialista mas a sua capacidade de absorção de conhecimento, abstração e aplicação em contextos igualmente adequados é muito maior.

A minha primeira conclusão, após vários estudos e análises, é: ser Generalista é essencial em situações de liderança, especialmente em contextos de elevada incerteza.

Uma das áreas onde esta minha opinião se alinha com factos e evidências é no valor que a diversidade traz às equipas. Numa equipa, seja ela de que área for, se todos os seus membros tiverem o mesmo conhecimento especializado, o seu campo de atuação e capacidade de resolução de problemas pode estar bastante limitado. São os Generalistas que integram equipas especializadas que permitem outros ângulos e uma maior abrangência aplicando conhecimento, ideias e tecnologia de outras áreas àquele contexto em particular.

Adicionalmente, tem sido apontada como tendência do “futuro do trabalho”, o mudar drasticamente de carreira, sensivelmente a meio do percurso profissional (ou mais vezes!). Perfis Generalistas têm mais facilidade em operacionalizar esta mudança, pois a versatilidade coloca-os numa posição muito mais vantajosa face ao inesperado. Se afunilarmos esta análise para as lideranças de topo, dados dizem-nos que o caminho até CEO raramente é uma linha direita de especialização, mas sim uma jornada de múltiplas e diversas experiências, com movimentos laterais e visões holísticas sobre os problemas.

A evolução que temos vindo a assistir nas últimas décadas, muito acelerada pela transformação digital e democratização da inteligência artificial tem vindo a contribuir, na minha opinião, para um decréscimo da necessidade de Especialistas. Acredito que com a disseminação de conhecimento e informação à escala global, o acesso a qualquer Especialista tornou-se muito mais fácil, assim como, cada vez mais, tarefas repetitivas, muito específicas e em alguns casos também muito especializadas serão executadas por máquinas e supervisionadas por seres humanos.

A minha perspetiva sobre este tema não exclui de todo os Especialistas da equação de uma organização – são indispensáveis em problemas muito bem definidos e muito específicos. No entanto, em contextos de incerteza, os Generalistas conseguem ter uma maior amplitude, que, no final do dia, cria mais impacto e valor. Neste sentido, concluo também que as organizações em geral precisam da diversidade aportada pelos dois perfis e que as equipas que contenham as valências de um lado e de outro, por serem mais diversas, ficam mais habilitadas a fazer frente aos desafios complexos que todos atravessamos.

E eu? Sou Generalista? Sim, sem dúvida alguma.

Fazendo uma análise retrospetiva do meu percurso até hoje, coloco um “x” nas principais características de um Generalista: 1) Elevada tolerância à ambiguidade; 2) Conhecimento amplo em várias áreas mas não especializado; 3) Capacidade de aprendizagem rápida; 4) Capacidade de comunicar com pessoas diferentes, compreendendo e adaptando respostas às várias perspetivas.

Desde cedo tive interesse por diversas áreas de conhecimento e atividade, sempre gostei de aprender e ensinar, sempre gostei de fazer “de tudo”. Encontrei na gestão, na consultoria e nas vendas um caminho para a minha ambição de poder resolver problemas de negócio, de equipas, de fazer algo com impacto em várias dimensões, e de me orgulhar enquanto alguém que lidera e entrega resultados.

Tenho a certeza que a Versatilidade contribuiu não só para o que sou enquanto pessoa mas também para a minha posição de Liderança.

 

Parceria PME Magazine/PWN Lisbon 
Este artigo faz parte de uma parceria editorial estabelecida entre a PME Magazine e a PWN Lisbon (Professional Women’s Network).