Por: Álvaro Fernández, diretor-geral da Michael Page
O ambiente profissional tem semelhanças com o do futebol, onde cada líder tem um perfil e características diversas. Os técnicos de futebol e os líderes corporativos desempenham tarefas parecidas, como a motivação da equipa, a procura por melhores resultados, gestão de conflitos, entre outros, cada um com o seu estilo e características particulares. Por isso, nas empresas também pode haver um líder como o selecionador português, Fernando Santos, ou com características parecidas com algum dos outros selecionadores para inspirar as equipas. O importante é ter a consciência e a sabedoria para liderar da melhor forma possível, aproximando as equipas e conduzindo as organizações na sua mudança para se alcançar os melhores resultados.
No atual contexto em que as atenções estão voltadas para o Mundial de Futebol que se realiza no Catar, a caracterização do perfil de liderança de alguns dos técnicos das seleções que integram este campeonato pode ser útil para inspirar, seguir como exemplo, ou uma referência para os estilos de gestão se podem encaixar no mundo empresarial.
No caso do treinador da seleção portuguesa, Fernando Santos, estamos perante uma personalidade forte, que acredita na repetição como método de melhoria dos processos. Destacando-se pela sua experiência, é reconhecido por ser firme, organizado e flexível, sabendo congregar esforços em torno de um objetivo, e permitindo aos jogadores serem criativos.
Já Luís Enrique, treinador da seleção de Espanha, tem um perfil de liderança aberto a reinvenções e adapta-se facilmente a diversos estilos. Assume trabalhos desafiantes e quase sempre surpreende as expectativas. Tal como um gestor disposto a reinventar-se e a assumir novos desafios.
Destacaria, ainda, o perfil do técnico do Brasil, Tite, orientado para a obtenção do melhor desempenho e com sucesso estruturado na sua experiência e procura da excelência nos resultados. Este é o líder que no mundo empresarial tem uma boa gestão de grupo e sabe extrair o melhor da sua equipa, conquistando a confiança e admiração das pessoas à sua volta.
Um outro perfil a destacar é o de Hansi Flick, o técnico alemão que tem a responsabilidade de dar continuidade ao trabalho do seu antecessor Joachim Löw e de aperfeiçoar o processo de reformulação da equipa alemã, que conta com jovens talentosos para a disputa do Mundial no Qatar. Este é o perfil que corresponde ao líder da transformação que trabalha com ciclos longos e visa o bom equilíbrio da equipa.
Se pensarmos em gestão de carreira, o perfil de Gareth Southgate (Inglaterra) destaca-se precisamente pela sua ascensão profissional. Surgiu como treinador das categorias de base e chegou à liderança da seleção inglesa em dois mundiais. Líder bem-humorado e muito atento aos mais variados talentos, uma das suas principais características é a adaptação ao mundo digital e à tecnologia. No mundo corporativo, este é o líder que sabe selecionar e reter jovens talentos.
Também as soft skills de determinação, motivação e confiança, essenciais à liderança do mundo em mudança de hoje, podem ser observadas no técnico argentino Lionel Scaloni. Considerado como interino e subestimado pela maioria, o treinador assumiu um desafio que muitos rejeitaram. Obteve êxito no processo de restaurar a confiança e levar a Argentina ao Mundial de 2022 como uma das grandes favoritas ao título. Este é o perfil de líder que sabe trabalhar com tarefas difíceis e sob pressão, além de melhorar o ambiente na sua organização.
Por último, destaco o líder surpresa, novo com alto potencial, que conseguiu juntar jovens e experientes e trazer um inovador e surpreendente estilo de jogo, superando desafios difíceis. O dinamarquês Kasper Hjulmand assumiu a equipa e já levou os dinamarqueses às meias-finais do Euro 2020, obtendo resultados e metas inesperadas pela pouca experiência. Na analogia com o mundo corporativo, este é o líder jovem, recém-chegado ao cargo e com potencial altíssimo de crescimento. Mesmo com a falta de experiência, consegue obter bons resultados no início das suas funções.
Seja qual for o estilo, os líderes têm de pôr as suas competências em prática e assegurar que as equipas alcancem as metas de uma organização. Bom Mundial!