A pandemia causada pela Covid-19 resultou na alteração de prioridades das pequenas e médias empresas (PME), bem como dos seus sistemas de trabalho e recursos. Foram notáveis o aumento de utilização de serviços de freelancer, bem como o aumento do trabalho remoto, mas não só. A conclusão é do estudo realizado pela plataforma Fiverr sobre o impacto da Covid-19 nas PME.
As PME passaram por várias mudanças desde o início da pandemia, uma das quais o aumento da utilização de serviços freelance que permitiram ajudar as empresas na digitalização e na construção de presença online imposta pela pandemia. Neste sentido, 46% das PME estão agora a recorrer mais a freelancers agora devido ao aumento do trabalho remoto. Neste sentido, quando comparado com outros países europeus onde o estudo foi também realizado, Portugal apresenta uma percentagem superior neste campo.
No que diz respeito à procura de serviços freelance, aqueles que têm maior procura são os de apoio ao cliente, com 39% das PME a procurar este serviço, sobretudo nos setores financeiro e da manufatura e utilidades. Seguem-se os serviços de relações públicas, mas procurados sobretudo por empresas de vendas, media e marketing, bem como pelo setor da educação.
Foi ainda destacada por 30% dos inquiridos a procura por serviços freelancing de marketing digital e gestão de redes sociais, sobretudo nas áreas de vendas, media e marketing a liderar esta procura (53%), sendo acompanhadas pelas jurídicas (50%) e pelas tecnologias da informação e telecomunicações (50%).
Também neste estudo foi evidente que, no que toca ao futuro do negócio, “ainda que estejam a tentar encará-lo da melhor forma possível, 62% admitiram estar receosos em relação ao futuro do seu negócio, ao passo que 38% demonstrou-se um tanto mais otimista”, explica a plataforma, em comunicado.
A Fiverr explica que parte deste otimismo pode estar ligado à descoberta de novas formas de trabalho, como é o caso do trabalho remoto. O estudo realizado mostrou que 49% das PME do distrito de Lisboa e 24% das da região do Porto estão a planear tornar-se totalmente remotas em consequência da pandemia, estando ainda 63% se confortáveis para encorajar este modo de trabalho, especialmente dentro dos setores de tecnologias da informação e telecomunicações (68%) e vendas, media e marketing (57%).
Segundo explica plataforma, em comunicado, “estes resultados podem ser justificados pelo aumento de 40% da produtividade durante o confinamento, o que comprova que esta nova realidade não só funciona, como também poderá ser o futuro do trabalho”. Foram ainda destacados o aumento da flexibilidade e o equilíbrio, com 47% dos participantes a indicar que o aumento da flexibilidade foi o fator mais positivo desta imposição e 41% a salientar que conseguiu um melhor equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. “O confinamento e a imposição do trabalho remoto serviram como um medidor para a transformação digital”, transformação esta que “é mais imperativa do que nunca, um investimento que a maioria das PME portuguesas reconheceu”.
Os resultados do estudo mostram que 37% das empresas entrevistadas concordaram com a necessidade de um maior investimento na área do marketing digital, como resultado da Covid-19, seguindo-se uma forte presença nas redes sociais (27%), dedicação de tempo às vendas (25%) e ao marketing (24%).
27% dos participantes assumiram não estar preparados para o impacto da Covid-19, sendo que os setores da arte e cultura (41%), educação (43,75%) e turismo e transportes (63%) foram aqueles que se sentiram mais afetados.
Por outro lado, quase um terço das PME (35%) reconheceram que não havia nada que pudessem ter feito para preparar melhor o seu negocia, apesar de os participantes concordaram que uma melhor tecnologia (29%) e uma melhor preparação para o trabalho a partir de casa (28%) teriam ajudado a enfrentar o confinamento forçado.
No estudo apresentado, 62% das PME mostram-se receosas acerca do futuro do seu negócio devido à Covid-19, estando os participantes focados na preparação para um segundo confinamento. No que toca às áreas onde vão investir para melhor enfrentar outra crise, as empresas destacaram a presença digital (36%), a implementação de medidas para eventos futuros (28,4%) e a contratação de mais freelancers (17,4%) como os principais recursos.
O estudo da Fiverr decorreu entre 5 e 26 de outubro de 2020 e incluiu 500 profissionais de quadros superiores de empresas da Amadora, Braga, Cacém, Coimbra, Funchal, Lisboa, Porto, Queluz, Setúbal e Vila Nova de Gaia oriundas de setores como arquitetura, engenharia e construção, educação, cultura, saúde, tecnologias da informação e telecomunicações, turismo ou finanças.