Vídeo: JD Edition
Por: Ana Rita Justo
Com mais de 30 mil PME e a somar, o turismo é dos setores com peso cada vez mais crescente na economia nacional. Como apoiar os empresários, capacitar recursos humanos e mostrar Portugal como novo hub criativo, eis algumas das missões do Turismo de Portugal, aqui explicadas na voz do seu presidente, Luís Araújo.
PME Magazine – O turismo atravessa um momento de grande prosperidade. Quais são os grandes desafios do setor neste momento?
Luís Araújo – São vários. Quando lançámos a discussão para a estratégia dos próximos dez anos, em 2016, a discussão era suscitada à volta dos tais desafios, ou o que é que queríamos para o futuro do turismo nacional. Falámos de onde é que queremos crescer mais, como, que tipo de conectividades precisamos de ter, que tipo de produto, que formação precisam de ter estas pessoas para fazer face aos novos segmentos e mercados. Uma série de desafios. Mas há três que consideramos que são de peso. Um tem que ver com o próprio crescimento em si: onde é que queremos crescer? Queremos crescer nas zonas de menor densidade turística e ao longo de todo o ano. Este é um grande desafio: conseguirmos levar o turismo a todo o território e ao longo de todo o ano. Um segundo desafio tem que ver com a formação dos recursos: hoje, temos à volta de 60% das 350 mil pessoas que trabalham no setor com formação no ensino básico. Se queremos ter um turismo mais competitivo e se queremos continuar a ser um dos destinos mais competitivos do mundo, temos de inverter esta situação e fazer com que esses 60% tenham pelo menos o ensino secundário e técnico-profissional. Um terceiro grande desafio tem que ver com a digitalização. Não só na perspetiva de captação, de distribuição do produto e de colocação do produto Portugal lá fora, mas também digitalização na perspetiva do turista cá dentro, ter acesso a mais informação e melhor, no sentido de termos mais conhecimentos sobre a nossa atividade – e aqui estamos a falar de recolha de dados e tratamento de grandes dados, etc. E, finalmente, digitalização na perspetiva de gestão corrente das empresas, de sermos mais eficazes e mais produtivos relativamente àquilo que temos.
PME Mag. – Um estudo do Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo refere que Lisboa e Porto têm pressão turística superior a outras capitais europeias. Como comenta?
L. A. – Hoje, as nossas principais regiões ao nível do turismo são Lisboa, Algarve, Madeira e Porto. Aquilo que queremos é que haja mais turistas durante mais tempo, ao longo de todo o território. O que dizemos, também, é que só podemos comparar relativamente a peso turístico, ou a sobrecarga turística, aquilo que é comparável. Portanto, não podemos comparar situações de cidades que têm 1500 quilómetros quadrados, que é o caso de Londres, um centro pequeno, com uma cidade que tem 100 quilómetros quadrados, como é Lisboa, com um centro também pequeno. Há possibilidade de crescimento, nós sentimos isso, há possibilidade de crescimento em todo o território e também nas próprias cidades. O que defendemos é que esse crescimento tem de ser feito de uma maneira sustentada para que a própria atividade turística seja uma atividade sustentável. O turismo vive do território, das cidades, vive da autenticidade dessas cidades, do facto de ter pessoas a viverem lá dentro. Agora, não podemos acusar ou dizer que o turismo é o principal causador da descaracterização das cidades só pelo facto de estar a gerar riqueza, a revitalizar as cidades, a criar postos de trabalho, a reabilitar muitos edifícios, a criar segurança em regiões que antes não tinham segurança… Portanto, há possibilidade de crescimento, temos é de acautelar para que isso seja de uma maneira sustentada e sustentável.
Leia a entrevista na íntegra na edição de julho da PME Magazine.