Por: Diana Mendonça
As previsões agrícolas, tendo em conta as temperaturas elevadas e a seca, apontam para a segunda pior campanha de cereais de inverno de sempre. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), as culturas de batatas, peras, uvas, pêssegos e maçãs podem ter quebras de até 30%.
A seca severa foi apontada como uma das razões que deixaram as searas com “povoamentos pouco homogéneos e espigas curtas”, além disso a “escassa humidade dos solos” e as “elevadas temperaturas” levaram à fraca produtividade dos cereais. Contudo, o INE destaca que existe um número de searas com produtividade e qualidade dentro dos parâmetros, no entanto, este número é residual perante as quebras de produção de 15% no trigo duro e centeio, de 25% na aveia e de 30% no trigo mole, triticale e cevada.
As vinhas também foram afetadas pela seca e, segundo o INE, prevê-se um decréscimo de 10% na produção de uva de vinho e na uva de mesa, face ao período anterior.
Já as culturas de macieiras e pereiras foram “consideravelmente afetadas” pela onda de calor, revelou o INE. O choque entre as baixas e as altas temperaturas levou a que os frutos deixassem de crescer. Segundo os dados, para a colheita da maçã está prevista uma quebra de 15%, enquanto que para a da pera está previsto um decréscimo de 30%.
A colheita da batata teve de ser antecipada por causa da seca e das altas temperaturas, que provocaram a maturação do tubérculo e a secagem da rama, além de inibirem a tuberização. Face à campanha passada, as previsões apontam para uma diminuição da produção de 15% para a batata de regadio, e de 30% na batata de sequeiro.
O escoamento da batata, devido à produção excedente da campanha anterior, também se tem revelado um problema em algumas regiões do país, levando a que os preços pagos aos produtores sejam baixos. Contudo, estes valores registaram uma variação positiva, face ao período homólogo.
Apesar deste cenário negativo para as culturas de inverno, as culturas de primavera foram conseguindo escapar ao aumento dos preços dos meios de produção e à escassez de água de rega. Seguindo as previsões, a área do milho deve aumentar 5% e o arroz e o tomate para a indústria mantêm a produtividade em relação ao ano passado.
No final de maio, já se previa um aumento da área semeada do milho passando para os 78 mil hectares. A subida da cotação deste cereal no mercado internacional e o potencial efeito da produção de alimentos em terrenos de pousio foram as principais razões para este aumento, de acordo com o INE.
Contrariamente a algumas culturas, o arroz beneficiou das temperaturas mais quentes fazendo as sementeiras decorrer dentro da normalidade. A produtividade será semelhante a 2021.
Quanto ao tomate, as colheitas decorreram sem interrupções e em boas condições, alcançando valores idênticos ao ano passado.
As culturas de amendoeiras em Trás-os-Montes tiveram um desenvolvimento condicionado pela seca e pelas geadas tardias. Já as do Alentejo devem registar um aumento da produtividade, devido aos pomares com três a quatro anos de instalação que entraram em produção e aos pomares de produção cruzeiro.