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Inflação
Na abertura da apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira (REF), em Lisboa, Centeno defendeu que "esta duração tende, ao longo do tempo, a transmitir-se à economia e ao sistema financeiro, por isso a importância que damos, nas nossas economias, à estabilidade de preços" (Fonte: Freepik)

Processo inflacionista “mais duradouro” do que o previsto

Por: Marta Godinho 

Mário Centeno, governador do Banco de Portugal (BdP), afirmou hoje que o processo de inflação tem sido “mais duradouro e com mais intensidade do que aquilo que um choque de oferta faria prever”.

Na abertura da apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira (REF), em Lisboa, Centeno defendeu que “esta duração tende, ao longo do tempo, a transmitir-se à economia e ao sistema financeiro, por isso a importância que damos, nas nossas economias, à estabilidade de preços”.

Devido à instabilidade causada por fatores externos, a estabilidade financeira no futuro vai depender “de forma muito significativa, do que for o sucesso coletivo na redução da inflação”, adianta o governador.

“[a inflação] Instala-se como um sintoma de algo que não está bem no nosso sistema económico e só pode ser combatido se for feito de forma conjunta e coordenada, e é essa a mensagem que queremos passar e é esse o grande objetivo da política monetária para os próximos tempos”, assegurou.

Os dados da inflação referentes a outubro apresentaram uma variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) de 10,1%, sendo a mais alta desde maio de 1992, mostra o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Já no Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), houve uma variação homóloga de 10,6% em outubro, que foi superior em 0,8 pontos percentuais à setembro e inferior em 01% ao valor estimado pelo Eurostat para a zona euro.

As principais causadoras das consequências das políticas monetárias e da “elevada incerteza das projeções económicas” são a guerra na Ucrânia e a evolução económica na China, assinalado pelo Banco de Portugal.

O agravamento das tensões políticas vividas no estrangeiro estão a materializar-se “num reforço das pressões inflacionistas, em particular através do aumento dos custos da energia e dos bens alimentares que se repercutem nos preços de outros bens e serviços”.

Ademais, a aceleração dos custos de financiamento de várias áreas institucionais e o condicionamento da sua capacidade de servir a dívida e a baixa confiança dos agentes económicos são outros fatores condicionantes.

“Estes fatores, quando conjugados, atestam a substancial volatilidade observada nos mercados financeiros internacionais, onde qualquer sinal de abrandamento ou aceleração económica é absorvido e refletido nos principais índices acionistas, bem como nas taxas de rendibilidade de títulos de dívida soberana”, como se pode ler no relatório publicado no portal do Banco de Portugal.