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55+
Elena Durán, fundadora da 55+ (Foto: 55+)

Proibido a menores de 55 anos

Por: Ana Rita Justo

A 55+ nasce da vontade de Elena Durán em valorizar o trabalho das pessoas com mais de 55 anos. Começou em Lisboa e quer agora expandir-se para o Norte do país, sempre tendo em vista melhorar a qualidade de vida de todos os que sintam que ainda podem contribuir para a comunidade.

São já mais de 1700 as pessoas com mais de 55 anos que viram na 55+ uma possibilidade de continuarem ativas e a contribuir com os seus saberes para a sociedade. A ideia nasceu da cabeça de Elena Durán, espanhola de 37 anos que há 11 anos escolheu Lisboa como casa para morar e onde decidiu dar seguimento à sua ideia de um negócio social.

Elena chegou a Portugal para estagiar na Unilever, empresa onde trabalhou até 2017. Nessa altura, decidiu que estava na hora de dizer “adeus” à casa que a viu crescer e “olá” a novos sonhos.

“Já tinha esta ideia na cabeça há cerca de dez anos, na altura em que o meu pai se reformou, de uma forma muito natural e por escolha dele. Contudo, isso criou uma insegurança e uma incerteza na nossa família e não sabíamos o que esta mudança iria trazer, porque ele tinha uma vida muito ativa”, começa por explicar a fundadora da 55+.

“Isto fez-me refletir muito sobre o que acontece às pessoas com mais de 55 anos, muitas ficam no desemprego, ainda mais com toda a questão da Covid-19. Eles têm vontade de continuar a contribuir e também têm estas capacidades. Tudo isto eram os ingredientes perfeitos para criar uma solução, algo que não existia, porque o que havia até à data eram soluções de entretenimento, centros de dia ou universidades”, conta.

Assim, em 2017 Elena começa a delinear o plano para a 55+ e em 2019 tem início o piloto desta ideia, em Lisboa, que pretende servir como plataforma de trabalho para pessoas com mais de 55 anos.

Registando-se na plataforma, os 55+, que Elena apelida de “especialistas”, indicam “as suas mais-valias, experiências profissionais ou de vida, que podem ter utilidade para qualquer pessoa”.

As pequenas reparações, a jardinagem e a preparação de comida ao domicílio são os serviços que mais são pedidos, mas há mais.

“Também temos pet sitting, baby sitting ou acompanhamento de crianças, atividades extracurriculares. Fazemos acompanhamento de pessoas idosas, aulas de música, de guitarra, de piano, de violino. Em breve, teremos também o serviço de limpezas e temos tido também serviços de costura e de aulas de línguas”, enumera a fundadora.

São maioritariamente famílias já com crianças, com idades entre os 30 e os 55 anos, quem procura estes serviços, por manifesta falta de tempo, ou mesmo de conhecimento para certos afazeres.

Próxima paragem: Norte

Depois da experiência piloto em Lisboa, a 55+ prepara-se agora para dar início à expansão, acompanhada pela melhoria da plataforma tecnológica. A próxima paragem é a região Norte.

“Estamos a trabalhar para começar em breve a operar no Porto, em Matosinhos, na Maia, em Paredes, em Valongo e no município de Aveiro. Estamos a trabalhar em rede e com parceiros locais para recolher toda a informação territorial que nos ajude a poder levar a 55+ mais adaptada a estes territórios. Ao mesmo tempo, estamos a trabalhar em toda a parte tecnológica, imprescindível para conseguirmos manter a qualidade na expansão”, acrescenta Elena Durán.

Qualidade essa que se vê, segundo a fundadora, na fidelização do cliente: do total de clientes servidos no ano piloto, 48% repetiram o serviço, um indicador “muito positivo” para a idealizadora deste projeto pioneiro. Também para os especialistas da 55+ o ano piloto foi bastante positivo: ao todo, foram realizados 525 serviços que geraram quase 19 mil euros de retorno para esses mesmos especialistas, com uma avaliação média de 4,87, numa escala de um a cinco.

“Foram resultados muito positivos, tendo em conta que fizemos isto do nada, com poucos recursos, muita vontade e muito boas pessoas”, sublinha.

Elena destaca o papel dos parceiros que ajudaram com consultoria e outro tipo de apoios a pôr a 55+ no ar, como a Fundação Aga Khan, a Fundação Millennium BCP, a Fundação Ageas, a Universidade de Aveiro, autarquias locais – Porto, Matosinhos, Maia, Valongo e Paredes –, o Portugal Inovação Social, a Santa Casa da Misericórdia ou o banco Montepio.

“O piloto tornou muito evidente como era necessário e o impacto que esta solução traz às pessoas – não só às pessoas com mais de 55 anos, mas a todos os que usufruem do saber destas pessoas”, reforça.

Negócios responsáveis, sim

A Covid-19 trouxe novos desafios para este negócio com impacto, com a paragem na realização de serviços. Contudo, foi tomada a oportunidade para dar formação aos especialistas da 55+, nomeadamente nas novas ferramentas digitais.

Apesar de o negócio ainda não ser rentável, Elena Durán não tem dúvidas de que irá dar frutos.

“Há já muitos negócios que são de impacto social e que são sustentáveis, como a ColorADD, a Academia de Código, ou a Fruta Feia. Acreditamos que também vamos conseguir, com o que temos já comprovado com o piloto. Claro que fazer algo a nível nacional é um desafio, mas vamos a isso.”