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Sílvia Nunes, senior executive manager da Michael Page (Foto: Divulgação)

Reinventar o Recrutamento

Por: Sílvia Nunes, diretora da Michael Page

 

O recrutamento já não se faz mais como antes. As transformações tecnológicas e as evoluções no mercado de trabalho estão a mudar a forma como se recruta atualmente e como se irá recrutar nos tempos mais próximos.

O mercado de trabalho, impulsionado por uma economia cujo crescimento levou à criação de um maior número de empregos desde 2017, recuperou algum dinamismo. No ano passado, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, o desemprego diminuiu relativamente a 2017, enquanto a população empregada, 4866,7 mil pessoas, aumentou 2,3% (110,1 mil), prolongando o ciclo de aumentos iniciado em 2014.

O aumento da população empregada aumentou de forma geral, incluindo os executivos, os trabalhadores autónomos são cada vez mais numerosos, refletindo perspetivas promissoras do mercado de trabalho em muitos setores.

Neste contexto, é por isso essencial aproveitar a oportunidade que nos é oferecida, com um mercado revitalizado em que muitos players encontram otimismo e confiança, para fazer uma verdadeira transformação no recrutamento.

Desde entrevistas em vídeo, a testes de personalidade online, ofertas de emprego enriquecidas com currículos em suportes cada vez mais variados, as ferramentas desta transformação existem há vários anos e estão, hoje, em constante desenvolvimento. O Digital abriu o caminho para novos canais e meios de comunicação, bem como uma gama mais ampla de abordagens e segmentação. Tomemos também o exemplo dos algoritmos de inteligência artificial, que permitem desenhar um retrato do candidato destacando as suas competências comportamentais, fazer o chamado recrutamento preditivo ou avaliar a correspondência entre as pesquisas de um candidato e um empregador com base nos dados disponíveis. Já sem mencionar os sites, cujas características continuam a evoluir. As possibilidades parecem infinitas, ao ponto de imaginarmos um blockchain público para o CV de amanhã, um espaço interativo com uma segurança de dados pessoais – seguros e inalteráveis ​​- hospedados na cloud.

As práticas e expectativas dos candidatos também evoluíram consideravelmente, a par com o progresso tecnológico. Muitos pararam de procurar uma forma de segurança procurando antes organizações com um propósito. Os candidatos pretendem agora um significado maior, um projeto comercial recompensador e um ambiente de trabalho adequado e agradável. As gerações mais jovens, imitadas pelos mais velhos, estão prontas para investir, mas não às custas das suas vidas pessoais. O que não é incompatível – muito pelo contrário – com a eficiência.

Qual é a cultura da empresa? Quais são os seus valores? De que forma isso serve à sociedade? Está envolvida na luta contra a discriminação?

Os candidatos estão, hoje, mais atentos às conquistas e compromissos sociais da empresa, enquanto no passado se preocupavam mais com a posição, as possíveis evoluções na carreira, a remuneração e os benefícios. A partir de agora, os valores da empresa, os recursos disponibilizados, as oportunidades que proporciona, e todos os componentes da Marca do Empregador são examinados e avaliados.

Tornou-se fundamental para a empresa comunicar claramente quais os seus objetivos, missão, estratégia e o papel e contributo de cada funcionário. Hoje, o candidato quer entender o lugar que vai ocupar e avaliar qual será a sua real contribuição para a empresa.

Como o mercado de trabalho está a passar por uma revolução, é crucial repensar os atuais modelos de recrutamento. Isso deve acontecer através da ação coletiva (autoridades públicas e privadas), cuja missão é incentivar, através da educação, a aquisição de soft skills e promover a oferta de cursos, nomeadamente de educação de negócios, de liderança, e inclusivamente técnicos.

Uma melhor gestão da orientação resultará em negociações que ofereçam oportunidades reais, de modo a que a oferta de candidatos e a procura das empresas possam encontrar-se de novo e mais facilmente.

Juntos, vamos conseguir.