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Diogo Carvalho, proprietário da Bira dos Namorados (Foto Divulgação)

Restaurantes reabrem, mas proprietários exigem apoios

Dezoito de maio marca o dia da reabertura de restaurantes e cafés sob apertadas medidas de higiene para garantir a segurança de trabalhadores e clientes. Contudo, os problemas estão longe de ser ultrapassados. Diogo Carvalho, proprietário da hamburgueria e pregaria Bira dos Namorados e integrante do movimento União de Restaurantes de Braga de Apoio ao Covid-19, defende medidas urgentes do Governo para garantir a sobrevivência dos negócios do setor. Com restaurantes em Braga e no Porto, a Bira dos Namorados reabre ao público esta quinta-feira.

PME Magazine – Até à reabertura, como decorreu o regime de takeaway e entrega ao domicílio?

Diogo Carvalho – Durante quase dois meses, abrimos as portas dos nossos dois restaurantes, o de Braga e do Porto, apenas para regime de takeaway e home delivery, através da UberEats, tendo adotado medidas específicas e rigorosas de segurança e higiene. Isto durante todo o processo das encomendas, desde a produção à entrega, como é exemplo o selo de qualidade que colocámos em redor de todas as embalagens que tinham como destino a casa dos nossos clientes. Devido a este e outros cuidados adotados, a nível de saúde dos nossos funcionários e clientes, aspeto prioritário para nós, não houve contratempos. No que respeita à adesão a estes dois formatos, com que já trabalhávamos também anteriormente, a recetividade foi bastante boa! Continuámos a ter bastantes pedidos, sobretudo quando lançámos algumas novidades, iniciativas que se revelaram fulcrais para salvaguardarmos os estabelecimentos e os empregos dos nossos trabalhadores. Aliás, consideramos mesmo que é nestes momentos, em que se vivem situações sem precedentes e que exigem medidas drásticas, que o mais importante é reinventarmo-nos, de forma a levar, através dos melhores produtos, bons momentos às pessoas que estão em isolamento social, indo ao encontro das suas necessidades específicas.

PME Mag. – Tiveram de aderir ao lay-off?

D. C. – Tal como todas as empresas do setor, o facto de estarmos encerrados levantou grandes desafios e dificuldades. Mesmo tendo o serviço de delivery e takeway, tivemos de recorrer ao lay-off. No entanto, estamos a tentar readaptar-nos para evitar despedimentos.

PME Mag. – Como irá decorrer a reabertura do Bira dos Namorados?

D. C. – No dia 21 de maio voltaremos a abrir presencialmente. Será de uma forma muito diferente daquilo que se considera o normal funcionamento do restaurante. Iremos adotar diversas medidas de higiene e segurança extra às anunciadas pela DGS, respeitantes desde o momento de reserva ao da refeição, mantendo, ainda assim, disponível a opção takeaway e home delivery, para quem quiser continuar a experimentar os nossos pratos em casa. O principal objetivo que temos com esta reabertura é que todos se sintam confortáveis e seguros nos nossos estabelecimentos. Nesse sentido, funcionaremos com reservas prévias, que podem ser feitas através do nosso site ou através de contactos telefónicos disponíveis. Toda a organização do espaço dos dois estabelecimentos será também reformulada, tendo em conta que reduziremos a nossa capacidade em 50%, com um distanciamento de dois metros entre as diversas mesas. Estamos neste momento a trabalhar em todas as medidas, para que na próxima quinta-feira, dia 21, este processo já esteja enraizado nos nossos funcionários, que poderão explicar tudo aos nossos clientes, deixando-os mais seguros. 

PME Mag. – Que medidas tomaram para garantir a segurança de trabalhadores e clientes?

D. C. – Além das medidas relacionadas com o momento de reserva, circulação e organização das salas, iremos aplicar outras ações de segurança e higiene, nomeadamente no que respeita ao período em que os clientes estarão no espaço e também ao serviço dos nossos trabalhadores.Vamos criar também um menu digital, disponível online e através de um código QR, para que seja possível um acesso autónomo do cliente através do seu telemóvel. Todos os que se dirigirem aos nossos restaurantes, terão assim a possibilidade de fazer o seu pedido, sem que seja necessário o contacto ou diálogo com o funcionário presente no espaço. Para os clientes que não conseguirem utilizar o próprio dispositivo eletrónico, disponibilizaremos tablets, devidamente higienizados, para este efeito. No que respeita ao serviço, deixaremos de disponibilizar molhos em formato de garrafa para os hambúrgueres, uma vez que serão incluídos no próprio prato individual. Eliminaremos também os nossos habituais materiais didáticos para as crianças, como lápis de cores, que costumavam estar sobre as mesas, oferecendo em alternativa uma caixa com os materiais às crianças e os seus pais, caso a solicitem. Também a nível de higiene, além das medidas apresentadas pela DGS, teremos outras bastante mais restritivas. A existência de dispensadores à base de álcool em pontos estratégicos como as mesas, por exemplo, a utilização de máscaras por parte do staff e a alteração das torneiras dos lavatórios das casas de banho, que passarão a automáticas, de forma a impedir que os clientes toquem nos mesmos dispositivos. Além de tudo isto, para reduzir a exposição dos nossos colaborados, alterámos também o nosso horário de funcionamento. Nos primeiros 15 dias, vamos estar encerrados à segunda e terças-feiras, sendo que às quartas e quintas-feiras abrimos das 12h00 às 15h00 e das 19h00 às 22h00. Às sextas-feiras, funcionaremos das 12h00 às 15h00 e das 19h00 às 22h30, sábados das 12h30 às 22h30 e domingos das 12h30 às 22h00. Após este período, iremos reavaliar a situação.

PME Mag. – Qual o impacto teve o contexto de pandemia para o negócio?

D. C. – Esta situação tem tido um grande impacto negativo no negócio do Bira dos Namorados, tal como tem tido em todo o setor da restauração. No nosso caso, a quebra representou aproximadamente 90% do volume de negócio, pelo que acabámos por trabalhar para minimizar prejuízo e apenas para não deixar desligar “a máquina”. Neste momento, prevemos que também todas as medidas enumeradas de segurança e higiene que iremos aplicar exigirão ainda um esforço financeiro extra do nosso lado, que será difícil de suportar. É nesse sentido que continuamos a acreditar que são precisos apoios por parte do Governo para o nosso setor, mesmo após a reabertura, visto que esta vai ser condicionada e feita de forma progressiva.

PME Mag. – Que apoios devem ser esses?

D. C. – Desde o início desta situação, que decidimos integrar o movimento União de Restaurantes de Braga de Apoio ao Covid-19, pela falta de informação, por parte das autoridades, que havia na altura e que surgiu com o intuito de defender os diretos do setor da restauração e mostrar as suas necessidades atuais derivadas da pandemia, salvaguardando o emprego dos trabalhadores. Com isso em mente, consideramos cruciais a existência de alguns apoios, mesmo neste momento pós-abertura, tais como: o lay-off adaptado – durante três meses, o governo deve assumir o pagamento de 50% dos salários, sendo considerado o período de retoma de confiança do consumidor;durante um período de três meses, o governo deverá assumir uma isenção de 50% na Segurança Social e IRS; e o pagamento dos estímulos aprovados por parte do IEFP, Estágios Profissionais, Converte+, estímulo ao emprego.