Aposta nos Combustíveis Derivados de Resíduos defendida em conferência organizada pela Tratolixo, empresa intermunicipal que gere os resíduos urbanos dos concelhos de Cascais, Oeiras, Sintra e Mafra.
O secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, anunciou uma mudança na estratégia para os Combustíveis Derivados de Resíduos (CDR). A revelação foi feita na conferência “Dilemas e Oportunidades no Setor dos Resíduos, Regulação e Necessidades de Investimento: Novas Licenças do SIGRE e Novas Metas do PERSU”, organizada pela Tratolixo, em parceria com a Associação para a Gestão de Resíduos (ESGRA), Gestão Global de Resíduos (EGEO), Miranda & Associados e Millennium BCP.
“Os CDR que produzimos, ou porque têm humidade a mais, ou porque têm mercado a menos, têm entre a oferta e a procura algo que não é equilibrado e que merece ter do Ministério do Ambiente uma atenção redobrada. Vamos dar condições para que os CDR voltem a ponderar os figurinos e os fluxos que estabelecemos nos planos estratégicos, quer seja o nacional, quer seja o das próprias empresas, no sentido de criar as condições para que de facto possamos valorizar melhor os resíduos”, disse Carlos Martins, durante a conferência, que decorreu a 14 de julho no Auditório Maria Barroso da Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais.
Perante uma plateia de mais de 150 pessoas, Carlos Martins falou sobre os mais recentes desafios do setor dos resíduos, nomeadamente sobre o PERSU 2020 (Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos), que, referiu, deverá ser reavaliado e reajustado se assim for conveniente.
“Estamos convencidos que o PERSU 2020, sendo um instrumento interessante à luz das orientações, preocupações e metas europeias, não está hoje completamente alinhado com o que decorre da revisão da Diretiva em Bruxelas e da política que de alguma maneira envolve a questão da Economia Circular. Nessa medida, cá estaremos para, em parceria com os principais atores, ter a frontalidade de reavaliar o PERSU 2020 se tal for necessário”, disse.
Já o presidente do Conselho de Administração da Tratolixo, João Dias Coelho, mostrou-se preocupado com “o atraso na publicação das especificações técnicas que condicionam a estratégia da TRATOLIXO e de todos os sistemas de gestão de resíduos urbanos [SGRU] relativamente aos modelos técnicos em desenvolvimento para as metas do PERSU 2020 já definidas”.
Sobre os Combustíveis Derivados de Resíduos (CDR), João Dias Coelho defendeu que uma alteração legislativa que permita a abertura do mercado à valorização energética para que “novas unidades dedicadas aos CDR não fiquem dependentes das cimenteiras e dos sistemas com incineradoras, possibilitando o reequilíbrio financeiro das unidades Tratamento Mecânico e Biológico” (TMB).