Doze práticas para a diversidade foram reconhecidas, na passada sexta-feira, na primeira edição dos Selos da Diversidade, na Gala da Carta Portuguesa Para a Diversidade, no Auditório da Universidade Atlântica, em Oeiras.
A EDP foi a empresa mais premiada, ao angariar um Selo da Diversidade, na categoria de “Desenvolvimento profissional e progressão na carreira”, e três menções honrosas, nas categorias de “Cultura organizacional”, “Recrutamento, seleção e práticas de gestão de pessoas” e “Condições de trabalho e acessibilidades”.
A Ericsson venceu o Selo na categoria “Compromisso da gestão de topo e dos outros níveis hierárquicos”, bem como uma menção honrosa na categoria de “Condições de trabalho e acessibilidades”.
A categoria de “Cultura organizacional” apenas teve menções honrosas – além da EDP, foram ainda distinguidas o BPN Paribas e a Essilor.
A Fundação AFID Diferença arrecadou o Selo na categoria “Comunicação da Carta e dos seus princípios”, enquanto a Media em Movimento foi distinguida com uma menção honrosa na mesma categoria.
Já a Câmara Municipal de Lisboa venceu o Selo da Diversidade na categoria de “Condições de trabalho e acessibilidades e, além da EDP e da Ericsson, também a L’Oréal recebeu uma menção honrosa.
Presente na cerimónia, a secretária de Estado da Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro, elogiou o trabalho levado a cabo pela comissão executiva da Carta Portuguesa para a Diversidade, que decidiu este ano lançar o Selo da Diversidade.
“A gestão da diversidade é um imperativo estratégico para as empresas e organizações em resposta a sociedades cada vez mais diversas. Não podemos acreditar que a inclusão da diversidade e da diferença se faz de forma natural, recaindo sobre as organizações desafios particulares de inclusão e de garantia do pluralismo”, disse, acrescentando que “é fundamental mudar a cultura e as práticas de gestão para que as características e competências de cada pessoa possam ser integradas, respeitadas e valorizadas”.
Já a secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, sublinhou “as problemáticas relacionadas com a inclusão das pessoas com deficiência”, uma área que considera ser preciso “trabalhar bastante”.
“Muitas vezes ficamo-nos pelas questões da diversidade de género, étnica, social… a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho é uma necessidade real de que até temos consciência, mas se calhar nunca parámos para pensar quantos colegas com deficiência temos”, afirmou.
“Diversidade é acabar com as caixas, deixar de ver as caixas e conseguir ver o conteúdo que lá está dentro, de preferência mesclado, misturado, por forma que as diferenças sejam cada vez mais ténues e que não nos apercebamos delas”, acrescentou.
Carta já conta com 193 signatários
Durante a Gala, Carla Calado, gestora de projetos da Fundação Aga Khan e membro da comissão executiva da Carta Portuguesa para a Diversidade, anunciou que são já 193 os signatários deste instrumento de promoção da diversidade e sublinhou o papel da Delegação Norte da Carta Portuguesa para a Diversidade, que fez aumentar o número de organizações signatárias nesta região.
Atualmente, 44% dos signatários são empresas, 35% são organizações sem fins lucrativos, 15% são organizações públicas, havendo 4% de instituições de ensino e de associações empresariais. Destes, 69% estão em Lisboa e 22% no Norte, havendo ainda 1% de signatários do Alentejo e Algarve e 1% nos Açores.
Carla Calado adiantou que será lançado em breve um toolkit de apoio à implementação de práticas, instrumento que já suscitou interesse da parte da Comissão Europeia para a sua replicação a nível europeu.
Já Cristina Milagre, do Alto Comissariado para as Migrações, também membro da comissão executiva, sublinhou que a “Carta Portuguesa para a Diversidade surge como um movimento natural das organizações e não como um pedido, uma exigência feita pela política pública ou alguma organização de associados”.
“Contudo, sentimos falta de iniciativas de recrutamento e seleção da parte das organizações. É um primeiro passo que tem de ser muito investido”, vincou.
A Gala contou, ainda, com dois momentos musicais, o primeiro do coro Mãos que Cantam, composto por alunos surdos da licenciatura e mestrado em Língua Gestual Portuguesa do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica, e o segundo protagonizado pelo grupo Kalunga Project.
Recorde-se que a primeira edição do Selo da Diversidade foi lançada no passado dia 22 de maio, no primeiro Fórum Nacional para a Diversidade, que decorreu no ISCTE-IUL, em Lisboa.
O júri desta primeira edição foi composto por Sara Ramos, professora auxiliar do Departamento de Recursos Humanos e Comportamento Organizacional do ISCTE-IUL, Miguel Vale de Almeida, antropólogo e antigo deputado da Assembleia da República, Julieta Sanches, presidente da FENACERCI, Mário Parra da Silva, fundador e presidente da Associação Portuguesa de Ética Empresarial, e Fausto Amaro, professor catedrático e vice-reitor de coordenação académica da Universidade Atlântica.