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Pedro Moura, diretor geral da Merck

Tornar a diversidade uma realidade nas empresas portuguesas

Por: Pedro Moura, diretor geral da Merck Portugal

Como é que podemos tornar a diversidade uma realidade nas empresas portuguesas? A pergunta não é nova ou tão pouco complicada, mas a resposta esconde uma complexidade que resulta do facto de estar enraizada em preconceitos, ideias preconcebidas e mentalidades que o passar dos anos tem confirmado serem difíceis de mudar.

Antes de mais, é importante definir o que é a diversidade. E perceber que esta é muito mais do que apenas uma palavra, um conceito ou uma tendência. É essencial que as empresas entendam de forma inequívoca o valor que uma organização verdadeiramente diversa e inclusiva pode agregar. E que tenham ainda noção que as organizações onde é maior a diversidade são também inerentemente mais felizes, mais produtivas e mais competitivas nos seus setores.

Não sou eu que o digo, mas os números que o provam. Segundo um estudo da Boston Consulting Group, realizado com base na avaliação de funcionários de mais de 1700 empresas em oito países e que teve como objetivo analisar o impacto da diversidade no sucesso dos negócios e na satisfação dos colaboradores, as empresas com maior diversidade geraram 19% mais receita ao nível da inovação do que as menos diversificadas. E os negócios com mais diversidade apresentaram ainda margens de EBIT 9% superiores.

Para a Merck, reconhecemos estas vantagens e há muito que sabemos que a diversidade, a equidade e a inclusão nos permitem ter a capacidade de fortalecer e inovar. Sabemos que a singularidade de cada pessoa dá vida à nossa curiosidade e é a curiosidade que nos permite inovar.

Voltamos então ao ponto de partida: tendo em conta todas as vantagens identificadas, como é que passamos da teoria à prática? Tudo começa com uma reflexão. Precisamos de desafiar as pessoas a pensar, a debater, a discutir. Precisamos que enfrentem os seus preconceitos, mesmo aqueles que estão mais enraizados no que ao género respeita, resultantes de uma cultura empresarial tradicionalmente masculina, e que os assumam, num primeiro passo claro para uma mudança. Porque a existência de mais diversidade nas empresas só se vai conseguir com uma mudança e esta começa pelas mentalidades.

Num estudo recente, feito a pedido da Merck, confirmámos que o caminho para chegar à tão desejada equidade, impossível de separar da diversidade e da inclusão, é ainda muito longo. As previsões apontam para que apenas em 2052 homens e mulheres recebam o mesmo salário médio mensal para funções homólogas.

Trinta anos é muito tempo, mas acredito que conseguimos encurtar esta distância. Como? Reconhecendo, primeiro, que existe discriminação. Percebendo que a equidade não é apenas uma bandeira acenada por alguns e assumindo, de uma vez por todas, que precisamos da diferença no mundo empresarial e que temos apenas a ganhar com ela. Diversidade de género, de gerações, de culturas é sinónimo de uma riqueza inerente que, por sua vez, se traduz numa riqueza quantificável.

“Trinta anos é muito tempo, mas acredito que conseguimos encurtar esta distância. Como? Reconhecendo, primeiro, que existe discriminação. Percebendo que a equidade não é apenas uma bandeira acenada por alguns e assumindo, de uma vez por todas, que precisamos da diferença no mundo empresarial e que temos apenas a ganhar com ela.”

Na prática, são várias as políticas, as medidas, as iniciativas e projetos que se podem implementar com este fim. Eles existem, foram testados e podem facilmente ser adaptados às empresas portuguesas, tenham estas a dimensão que tiverem. O que é preciso é dar um primeiro passo e é isso também que a Merck pretende com um projeto recém-lançado, o “As One for Diversity, Equity & Inclusion”.

Com o apoio da AESE Business School, pretendemos reunir organizações de todos os setores de atividade, num grupo não só para discutir estas temáticas, mas sobretudo para avaliar o que está a ser feito nestas empresas e também nos setores que representam, através da realização de estudos que nos vão permitir perceber onde estamos e para onde vamos. Ou seja, queremos que sejam implementadas boas práticas, mas queremos também perceber se essas boas práticas se traduzem no progresso desejado e quantificá-lo.

É isso que fazemos também na Merck, onde a diversidade é há muito uma realidade e onde a igualdade de género nunca esteve tão perto.