Domingo, Dezembro 1, 2024
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“A maioria das empresas no mundo está em modo de controlo de custos” – Sandra Bento

Embora 20% congele aumentos salariais em 2020, apenas 8% pretende aumentar salários, um pouco acima dos 2% pré-COVID.

A instabilidade da COVID-19 interrompeu os planos e orçamentos já feitos pelos empregadores para 2020. No entanto, apesar da incerteza, os empregadores podem ficar melhor preparados para planear 2021 através do uso de dados integrados e recentes que lhes permitem tomar decisões.

Com efeito, a pandemia aumentou a necessidade da existência de dados, uma vez que os gestores e as lideranças precisam de obter a clareza necessária para tomar decisões e definir estratégias – ainda mais críticas em tempos de crise e volatilidade.

O estudo entitulado ‘Salary Budget Planning Report‘ da consultora Willis Towers Watson, que abrangeu dados de 15.000 empresas em 132 países, mostra que, no início do ano, os empregadores portugueses tinham orçamento para aumentos salariais de 2,1% e, apesar do impacto económico da pandemia, com empresas a congelar salários, a estimativa mantém-se praticamente inalterada. Este ano foram cerca de 35% dos empregadores portugueses a afirmar que planeavam congelar os salários ou adiar os aumentos deste ano.

O relatório também revela que 14% das empresas em Portugal já adotaram medidas para reduzir a sua força de trabalho, enquanto outros 29% planeiam ou consideram cortes em resposta à crise da COVID-19.

Relativamente a outras medidas de poupança, 63% dos empregadores implementaram ou estão a considerar políticas de licenças não remuneradas, voluntárias ou obrigatórias.

Perante o atual cenário, as projeções de aumento salarial para 2021 são otimistas, pois os dados revelam que se espera um aumento de 2% nos aumentos salariais, valor que se aproxima dos 2,1% pré-COVID. Também as empresas que planeiam congelar salários para o próximo ano são em menor número, reduzindo dos atuais 20% para 8%.

Sandra Bento, Associate Director da Willis Towers Watson Data Services, afirma à PME Magazine que “a maioria das empresas no mundo está em modo de controlo de custos e a extensão total do impacto económico da pandemia ainda não foi sentida. Algumas empresas já tinham anunciado os aumentos salariais antes da pandemia e outras atrasaram as revisões salariais, pelo que essas situações serão sentidas e talvez ganhem maior relevo no próximo ano”.

De acordo com esta mesma responsável, “a experiência do cenário pandémico tornou-se mais real com o passar do tempo e é muito provável que as empresas mudem os seus planos a curto ou médio prazo à medida que a situação evolui. Uma possível segunda vaga do vírus é um cenário de elevada probabilidade de ocorrência e certamente com impacto ao nível dos salários e de projeções futuras”.

O relatório da Willis Towers Watson monstra que apesar da imprevisibilidade persistente quanto á evolução atual da pandemia e ao impacto da segunda vaga, os empregadores ficarão melhor preparados para planear 2021, através de dados disponíveis que vão sendo igualmente atualizados ao longo do tempo para tornar o processo mais realista.

Comparações Globais 

Tudo isto realça as várias instabilidades no panorama económico global. No entanto, quando analisamos as perspetivas para os orçamentos salariais, o cenário global é de continuidade, com o relatório da consultora no terceiro trimestre do ano (Q3 2020) a mostrar que os aumentos salariais para 2020 são muito semelhantes a 2019, com exceções em alguns países.

Relativamente aos orçamentos salariais na Europa dos 27, o estudo revela que, em média, os salários reais aumentam 1,9% em 2020 e em 2021 esse número cai para 1,5%.

Existe um padrão semelhante nas economias do G8, em que os empregadores planeiam aumentos salariais mais baixos pós-Covid. A exceção ocorre nos Estados Unidos, onde os aumentos salariais pré e pós COVID devem permanecer estáveis em 3%, em 2020 e, continuar no mesmo nível em 2021.

Na Europa, empresas no Reino Unido, França e Alemanha prevêem que os seus orçamentos salariais para 2021 ainda serão mais baixos do que os planeados para 2020, antes da COVID-19. Apenas Itália antecipa uma recuperação de volta aos níveis pré-COVID no próximo ano.

Tal como referido anteriormente, em Portugal, espera-se que os aumentos salariais pós-COVID permaneçam iguais, em 2%, tanto em 2020 como 2021.

Sandra Bento afirma ainda que, “a rápida transformação do local de trabalho de forma transversal e global exige que as organizações repensem como recompensam os colaboradores e criem estruturas que lhes permitam controlar e otimizar os gastos com os RH, mas também manter a atração e retenção de talentos.

E conclui: “os empregadores provavelmente irão gerir as consequências da COVID-19 no futuro próximo. Mas, usando estrategicamente os dados, eles podem não só enfrentar os desafios futuros, mas também obter vantagem competitiva”.

Sobre o estudo

O ‘Salary Budget Planning Report’ é elaborado pela área de Data Services da Willis Towers Watson. O estudo foi realizado em maio e junho de 2020, aproximadamente 15.000 respostas de empresas em 132 países foram recebidas em todo o mundo.

O relatório resume as conclusões da pesquisa anual da Willis Towers Watson sobre movimentação salarial e analisa as práticas como um meio de ajudar as empresas no planeamento das suas remunerações para 2020 e ano seguinte.

Os números da inflação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) são compilados pela Economist Intelligence Unit (EIU). Valores de junho de 2020.

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