Sexta-feira, Dezembro 13, 2024
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“Abertura caracteriza o líder do futuro” – Elisabete Jacinto

Foi no mundo motorizado, tanto em motas como camiões, que se notabilizou, venceu várias provas, ultrapassou desafios como o Rali Dakar ou o Africa Eco Race (este em 1º lugar), e agora transpõe as qualidades de liderança que adquiriu (e aprendeu) nas experiências por que passou para o mundo empresarial. Falamos de Elisabete Jacinto, a mais titulada piloto de todo-o-terreno em Portugal.

Em entrevista à PME Magazine, foram abordados temas como o futuro da liderança, semelhanças entre diretores de empresas e atletas de alta competição e liderança positiva.

PME Magazine (PME Mag.) Quem é a Elisabete Jacinto, fora do contexto competitivo? 

Elisabete Jacinto (E. J.) – [risos] Não sei bem o que lhe diga, mas sou uma mulher com muito dinamismo, com muita vontade de fazer coisas. Licenciei-me em Geografia e comecei por ser professora, mas, mais tarde, o desporto começou a ocupar um papel muito importante na minha vida e fui atrás do meu sonho, num desafio de ver até onde é que poderia ir. Quando percebi que podemos fazer muito mais do que aquilo que acreditamos que podemos fazer, essa convicção levou-me a enfrentar desafios cada vez maiores e mais difíceis. A competição foi um desses aspetos.

PME Mag. – Como surgiu este gosto pelas corridas e a entrada em competição?

E. J. – Foi por acaso. Comecei por tirar a carta de mota, a comprar uma mota de todo-o-terreno, com o guarda-lamas alto, depois tive a minha primeira experiência num passeio, a Ronda dos Castelos, com o meu marido e, de facto, aquilo não correu nada bem… Dos 200 quilómetros do passeio, só consegui fazer 80, mas, no final, olhámos um para o outro e dissemos: “Este é o hobby das nossas vidas, o problema é que as motas não prestam”. Então tivemos um ano inteiro fechados em casa a amealhar para comprar duas motas próprias para todo-o-terreno. Foi assim, começámos a fazer passeios pelo Alentejo com um grupo de amigos, até que um dia um deles decide fazer uma prova de competição e desafia todos os outros e, claro, no meio do entusiasmo de toda a gente, pus-me completamente fora do grupo porque achei que não era algo que estivesse ao meu alcance, mas os meus amigos começaram-me a dizer: “Não, tu tens de vir, há outras raparigas, tu sabes andar e tens de vir connosco”. E eu dizia: “Não é possível, não vou ser capaz, porque eu ando 50 quilómetros atrás de vocês ao fim de semana, como é que vou fazer 300 numa prova?”. E eles insistiam, ao ponto de esta insistência ter funcionado para mim como um voto de confiança. Dei comigo a pensar: “Será que sou capaz?”. Fui fazer essa primeira prova, o Grândola 300, lembro-me que, passados 100 quilómetros, já não me conseguia mexer em cima da mota, cheia de dores no corpo, só cerrava os dentes e pensava: “Tenho que chegar ao fim”. Não consegui chegar ao fim, mas se fossem perguntar quem era a pessoa mais feliz daquela competição, não era o rapaz que tinha ganho, era eu que tinha desistido porque ali percebi uma coisa que já andava desconfiada: é que somos muito mais capazes do que aquilo que acreditamos que somos e percebi que era capaz de fazer mais coisas, era mais forte do que aquilo que pensava. Aí ficou aquela paixão pelo todo-o-terreno e pela competição. A partir daí, vim para casa completamente obcecada pela ideia, sempre a perguntar a mim própria: “Como é que eu arranjo dinheiro? Físico? Como ganho técnica? Como me preparo?”. A partir daí, fiz todas as provas que vieram a seguir ao longo de vários anos.

Veja aqui o vídeo da entrevista:

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