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Manuel Palma Mira, CEO do Grupo JustSushi (Fonte: Divulgação)

“Deparamo-nos com um setor de restauração em crescimento e o público a responder, quer o nacional quer o turista”- Manuel Palma Mira

Por: Djeisibel Lopes

O JustSushi é um grupo de restaurantes que tem como objetivo servir aos clientes produtos e serviços de qualidade com taxas de entrega a zero.

O investimento, que atualmente conta com 14 lojas espalhadas pelo país, inclui serviços de delivery e take-away, eventos corporate e casamentos, bem como “sushizadas” em casa, para dez ou mais pessoas, onde um chef cozinha ao vivo para o grupo.

Em conversa com a PME Magazine, Manuel Palma Mira, CEO do Grupo JustSushi, conta os principais desafios da área da restauração em Portugal e revela os benefícios dos modelos de crowdfunding para as PME.

PME Magazine (PME Mag.) – O que diferencia o grupo dos outros restaurantes de sushi no mercado?

Manuel Palma Mira (M.P.M.) – O que o JustSushi tem de diferenciador face aos outros restaurantes de sushi é conseguir servir os clientes com taxas de entrega a zero e, ao mesmo tempo, ter um bom produto e um bom serviço. Comparativamente com os nossos concorrentes diretos, é a possibilidade que temos de levar o sushi a lugares periféricos e com preços mais competitivos. Neste momento, os nossos restaurantes estão a transformar-se em pequenos centros com vários tipos de cozinhas do mundo.

 PME Mag. – Durante estes seis anos de empreendimento, quais os maiores obstáculos encontrados na área da restauração?

M.P.M. – Os maiores obstáculos acabam mesmo por ser a minha capacidade de adaptação e rapidez de resposta face a situações inesperadas. Por exemplo, de um dia para o outro o salmão passou de 7,50 euros para 16 euros o quilograma e os preços do restaurante não aumentaram para o dobro, portanto, falamos de um esmagamento de margem brutal, no qual tivemos de nos adaptar e criar outras dinâmicas, nomeadamente alterar o menu inteiro para conseguir equilibrar o food cost e tudo isto em 14 lojas, o que não demora nem um dia nem dois. Por isso, acho que o maior desafio neste setor acaba por ser mesmo os fatores externos, mais do que os internos, e nós temos de ter capacidade de ter uma resposta rápida face a estes obstáculos que vão aparecendo ao longo do nosso percurso.

PME Mag. – Como vê o desenvolvimento deste setor no país?

M.P.M. – De forma bastante positiva e com enormes oportunidades de crescimento. Acho que Lisboa tem tido uma evolução tremenda nos últimos 10 anos e o Porto igual. Apesar de ter uma evolução mais lenta, o interior do país está, igualmente, a crescer e a forma como se olha para estes locais já não é mesma. Vê-se potencial e possíveis oportunidades e isso é, claramente, visível. Por exemplo, quando se vai ao interior do país, já se vêm restaurantes com massa fresca, já encontramos conceitos de carne como há em Lisboa – T-Bones, Entrecôte, tapas, sushi -, já encontramos um bocadinho de todo o estilo das grandes cidades, tirando as cozinhas de autor, mas mesmo assim, às vezes, há locais em que já as encontramos.

Atualmente, deparamo-nos com um setor de restauração em crescimento e o público a responder, quer o nacional, quer mesmo o turista.

PME Mag. – Como o modelo de crowdfunding do JustSushi apoia as PME em Portugal?

M.P.M. – O modelo de economia colaborativa ou crowdfunding veio revolucionar todo o mercado de restauração, visto que, no mundo, contam-se pelos dedos das mãos as empresas neste setor que exploram esta vertente. Mas, de facto, este é um modelo financeiro que traz inúmeras vantagens para as PME, uma vez que lhes permite, por um lado, reduzir a pressão bancária, ou seja, libertá-las da dívida bancária, o que por si só é um peso muito elevado para estes negócios, até porque o dinheiro está mais caro, devido ao aumento dos juros. Por outro, é um modelo que, no fundo, nós podemos definir um valor que achamos que é o suficiente para realizar um projeto seja ele qual for, desde a abertura de uma loja ou de um armazém, à compra de frota, por exemplo, e conseguimos fazê-lo com capital angariado e sem muitas taxas ou impostos envolvidos. Ou seja, é um modelo em que conseguimos ganhar capacidade financeira sem recorrer aos formatos tradicionais.

Outra vantagem, é o que chamamos de economia colaborativa, porque em vez de termos apenas o dono da empresa e os funcionários a puxar pelo negócio, ou seja, a querer que a loja tenha sucesso, temos também toda a networking dos pequenos ou grandes investidores a trazer, para a loja, pessoas. Porque, no fundo, o negócio também é deles, isto é, têm uma quota daquela loja e é graças a eles que aquele projeto existe, portanto com este modelo é possível passar a ter acesso a uma rede de contactos maior para um ponto de venda específico.

Podemos ainda adiantar que, em breve, vamos também expandir também para o setor hoteleiro. E tem sido um desafio ajudar não só outras PME de outros setores a diversificar investimento (recebendo investimento), como investidores individuais a canalizar algumas poupanças de modo a terem um retorno trimestral do seu dinheiro.

PME Mag. – O Grupo pretende expandir o negócio para fora de Portugal?

M.P.M. – Sim, esse é um dos nossos objetivos a longo prazo. Atualmente, temos um plano ambicioso para fazer crescer o JustSushi, quer a nível nacional como internacional, e é nele que estamos focados. Esperamos conseguir ter cerca de 20 a 22 lojas em dois anos em Portugal e abrir a primeira loja fora do país já em 2024. Apontamos para termos 100 lojas do Grupo num espaço de quatro anos. Muito através do crowdfunding que nos permite crescer sem asfixiar cashflow. A expansão para nós é uma prioridade porque se não estamos a crescer, estamos a morrer.