Quarta-feira, Novembro 27, 2024
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“É em conjunto que se ultrapassam os piores momentos”- Anabela Chastre

Por: Margarida Duarte

Anabela Chastre é CEO da Chastre Consulting e presidente da Cimeira Lusófona de Liderança, sendo a moderadora principal da segunda Edição Digital da Cimeira Lusófona de Liderança, que decorre até 19 de novembro.

Com os temas estratégicos focados na saúde mental das organizações, nas pessoas e na sua cultura organizacional e a mulher na liderança, a PME Magazine quis saber mais sobre a importância do papel da liderança dentro das organizações. 

PME Magazine (PME Mag.) – De que forma a liderança pode ter impacto dentro de uma organização?

Anabela Chastre (A. C.) – Atualmente, e mais do que nunca, a liderança nos dias tem impacto a todos os níveis na empresa. A liderança de topo tem impacto nas decisões estratégicas da empresa, a liderança intermédia tem impacto direto nas equipas que coordenam e a liderança individual tem impacto na motivação, no espirito de equipa, na cultura empresarial e, claro está, no desempenho. Estamos a falar de líderes, não de “chefes” ou “patrões”. De pessoas que valorizam, que motivam, que interagem, que incluem, que dão o exemplo, que respeitam, que ajudam a crescer e que também trabalham em equipa.

PME Magazine (PME Mag.) – Sendo presidente da CLL, que expetativas tem para esta cimeira?

Anabela Chastre (A. C.) – Espero que ajude a valorizar o tema da liderança. Que ajude as empresas a perceber que o impacto que uma boa liderança tem no sucesso dos seus negócios é avassalador. Que sublinhe como é importante ter as pessoas certas nos lugares de liderança. E certas porquê? Porque não basta ter competências, é preciso ter atitude e visão. Acima de tudo, espero que esta cimeira seja um local de partilha de conhecimento, que ajude as empresas, equipas e executivos destes países a  liderarem a mudança que queremos ver na Lusofonia.  

PME Mag. – Acredita que o distanciamento social, o trabalho remoto e consequentemente a pressão psicológica, criaram novos desafios às empresas?

A. C. – Sem dúvida que sim. Ainda estamos longe de perceber o real impacto do distanciamento social e da pressão psicológica nos colaboradores. Aliás, ainda há  hoje muitas empresas a lidar com este desafio e com todas as consequências. Quando falamos no impacto da pandemia e de todas estas mudanças, pensamos imediatamente nos trabalhadores e na gestão de pessoas, mas esquecemo-nos que as pessoas estão em toda a cadeia de valor. Ou seja, os desafios não são só de recursos humanos, são também de gestão, de liderança, de produtividade e desempenho, de entrega e qualidade, de inovação, de comunicação. Não existe uma fórmula certa e universal para resolver estes problemas, cabe a cada empresa encontrar a melhor forma de os resolver. Na Cimeira deste ano, dedicamos um dia a esta temática, e temos vários oradores com visões muito interessante sobre como resolver alguns dos principais problemas e otimizar a gestão de pessoas.

PME Mag. – Nos dias que correm, porque é que é tão importante abordar o tema da liderança para o desenvolvimento de uma organização?

A. C. – Enfrentamos inúmeras mudanças nos últimos tempos, e acredito que é nos tempos de turbulência que a liderança é fundamental para unir e motivar as pessoas, realinhar estratégias, redefinir objetivos e ajustar toda estrutura à nova realidade. É em conjunto que se ultrapassam os momentos mais difíceis. Se na liderança não está alguém à altura deste desafio, todos perdem o rumo.

PME Mag. – Quais são as características essenciais para ser um bom líder?

A. C. – Acima de tudo considero que para se ser um bom líder é preciso gostar de pessoas, respeitá-las, querer o melhor para elas. Não pode existir aquela ideia de que o líder não está ao alcance dos trabalhadores, que está num patamar superior e inacessível. 

Tem de ser alguém em quem as pessoas confiem, disponível para ajudar, colaborar, ouvir. As pessoas seguem e acreditam nos líderes que respeitam. Se tiverem estas características, tudo o resto se torna mais fácil.

PME Mag. – Como mulher, sente que ainda existem preconceitos e desafios para se chegar a um posto de chefia/liderança?

A. C. – Na minha opinião, sim. Muito já foi feito, por mulheres extraordinárias que sempre lutaram para derrubar estes preconceitos, mas ainda existe um longo caminho. Acredito que hoje em dia não é a igualdade de género que as mulheres pretendem, mas sim o reconhecimento do seu mérito e das suas extraordinárias capacidades de liderança.

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