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Rita Maria Nunes, Country Manager TAB Portugal
Rita Maria Nunes, Country Manager TAB Portugal (Fonte Divulgação)

Empresários, não evitem os conflitos: Transformem-nos!

Por: Rita Maria Nunes, Country Manager TAB Portugal

 

Muitos empresários acreditam que o conflito representa uma dinâmica negativa nas suas empresas e funções de liderança, mas isso não podia estar mais longe da verdade. Na realidade, o conflito saudável pode ser um propulsor fundamental do sucesso organizacional.

Apesar de existirem vários obstáculos comuns relacionados com os líderes e gestores empresariais (confiança, empenho, responsabilidade e mentalidade da equipa), o mais emocional destes obstáculos e, sem dúvida, o mais difícil de remediar, é quando estes têm medo de conflitos.

Como empresária e mentora de empresários, estou sempre a assistir a esta situação: proprietários bem-intencionados que só veem o conflito de forma negativa e fazem tudo o que podem para o evitar. Seja em si próprios, seja nas suas equipas.

O medo do conflito é um paradoxo. Por um lado, os líderes que, na maioria das vezes, não estão dispostos a participar em conversas difíceis, acreditam que estão a adotar uma abordagem respeitosa, profissional e pacífica na resolução de problemas. Ironicamente, a decisão de evitar os conflitos agrava normalmente o problema e deixa de lado oportunidades perdidas.

Mesmo quando tentam resolver questões importantes, as organizações que adotam a harmonia artificial nunca produzirão equipas de elevado desempenho. E ninguém quer isso, certo?

Então, o que é que tantos líderes empresariais estão a fazer de errado? Na minha perspetiva a resposta é clara: Não saber a diferença entre conflito saudável e conflito negativo.


Conflito negativo VS conflito saudável

O conflito e a resolução de conflitos podem ser saudáveis ou não. Poucas pessoas diriam que uma discussão aos gritos no meio do corredor é construtiva ou profissional. Mas, tal como um lobo em pele de cordeiro, os conflitos pouco saudáveis também se podem manifestar de formas mais subtis. Críticas silenciosas, apontar o dedo e agendas ocultas podem infiltrar-se sorrateiramente em interações positivas e transformá-las em conflitos tóxicos. Vemos isto muitas vezes em organizações que se debatem com barreiras no local de trabalho e culturas empresariais demasiado competitivas.

Em contrapartida, o conflito saudável centra-se nas ideias e não nas pessoas. Soluções, não culpas. Colaboração, não egos. A comunicação aberta, a transparência e o respeito são as pedras angulares do conflito saudável. Mesmo nas conversas mais difíceis, permitir a diversidade de perspetivas pode ser um poderoso catalisador para a inovação e a melhoria.

As equipas de elevado desempenho aceitam conflitos saudáveis. Aceitam o debate e asseguram que não é pessoal. Embora nem sempre estejam de acordo, a equipa respeita e considera as opiniões dos outros. Todos os membros estão dispostos a ver as suas ideias postas em causa para que o grupo, no seu conjunto, alcance os melhores resultados.


Construir uma cultura de conflito saudável

Os líderes empresariais que pretendem criar um ambiente de trabalho inovador e produtivo devem adotar e promover uma cultura que abranja o conflito saudável. Isto significa distinguir se existe um problema atual na forma como o conflito é geralmente tratado (ou ignorado) em toda a organização.

E, sejamos suficientemente claros: lidar com um conflito saudável é normalmente uma questão de cima para baixo. Os líderes que adotam um conflito saudável na sua própria abordagem raramente toleram conflitos tóxicos ou a fuga aos conflitos na sua organização.

Na prática, a resolução saudável de conflitos nas organizações começa pelos líderes. Aqui estão quatro passos para o conseguir fazer:

1. Escuta ativa: Escutar para responder e para compreender são duas coisas completamente diferentes. Em conversas mais pesadas, as pessoas com hábitos de conflito pouco saudáveis dão frequentemente por si a falar por cima dos outros. A comunicação interruptiva é um forte indicador de que a pessoa precisa de aperfeiçoar as suas capacidades de escuta ativa. Comprometa-se a não interromper os outros, a repetir o que foi dito e a fazer perguntas de esclarecimento.

2. Promover empatia: os conflitos estão carregados de grandes emoções e ligações pessoais a uma questão. Isso não é necessariamente uma coisa má. Agradeça o grau de preocupação ou a paixão da sua equipa pelo tema. Reconheça os seus sentimentos e valide as preocupações. Mesmo que alguém se exprima de modo fervoroso, a empatia é o canal apropriado para uma ligação saudável e a resolução de conflitos.

3. Promover mentalidade colaborativa: a colaboração é uma ferramenta eficaz na resolução de conflitos. Encoraje o trabalho de equipa em toda a empresa, reforce o conceito de que as soluções requerem um esforço de grupo e faça saber que todas as perspetivas são bem-vindas e valorizadas. Lembre-se de que a promoção de uma cultura de colaboração também traz outras recompensas substanciais para toda a organização.

4. Aceitar mudança: um conflito saudável e uma resolução positiva de conflitos requerem flexibilidade e vontade de adaptação. Esteja aberto a modificar a sua posição ou solução face à questão em conflito. Caso contrário, a equipa acabará por perceber que a sua opinião não tem importância. Num ambiente empresarial em rápida mutação, compreenda que a adaptação à mudança constrói pontes e alarga oportunidades.


Termino a sublinhar a ideia de que um conflito saudável não consiste em evitar conversas difíceis, mas sim em abordar disputas e desacordos de uma forma que promova a ligação e elogie o empenho de toda a organização.