Quinta-feira, Janeiro 9, 2025
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Neurociências e Liderança: aprender para a Mudança

Por: Mónica Rodrigues, fundadora e Board Member PWN Lisbon, fundadora e co-coordenadora do Programa de Neuroliderança


“A felicidade da tua vida depende da qualidade dos teus pensamentos.”
Marco Aurélio

Por que razão as neurociências importam para a vida?

2030 – os choques do agora

Inauguramos o ano de 2025. Desde há pelo menos vinte anos que os desastres acontecem, não só os desastres do capitalismo neoliberal, em setores tão díspares como a guerra, as crises financeiras, a crise na educação ou na saúde, só para mencionar alguns. Mas, na verdade, vários atores os têm explorado para implementar políticas de desregulação e de privatização, como uma espécie de terapia de choque. Como sobreviver em tempos de choque sucessivos que mudarão a nossa vida na próxima década? Como nos prepararmos para esse futuro cada vez mais imprevisível e incerto?

As neurociências, o cérebro e a vida – MUDE!
Regressando à questão de partida inicial, por que razão as neurociências importam para a vida? Importam muito e sempre, em qualquer momento da nossa vida, e por variadíssimas razões. Mas existem, a meu ver, duas que são fundamentais. A primeira razão, e numa ótica de medicina neuro-comportamental, prende-se com a compreensão da capacidade que o ser humano tem para resolver as dificuldades emocionais experienciadas nos primeiros anos de vida. Por outras palavras, ao longo dos primeiros estágios de desenvolvimento (entre o momento do nascimento até à primeira experiência de jovem adulto, tendo como referência Piaget ou Ericsson), existem várias “janelas de oportunidade temporais” nas quais, em presença de certas circunstâncias criadas, experiências como a negligência infantil podem ser resolvidas ou, numa linguagem simplificada, ultrapassadas. O que podemos extrair desta evidência? Podemos concluir que a chamada neuroplasticidade cerebral – a capacidade do sistema nervoso central para se adaptar e moldar a novas situações, confere ao ser humano, uma infinita capacidade de adaptação e preparação da mudança. E, para concluir, esta capacidade é fundamental para a preservação do “Eu” ao longo da vida.

A segunda razão, agora na ótica das neurociências cognitivas e das emoções, está associada ao facto de se ter compreendido como os processos de tomada de decisão não são tão e apenas racionais quanto apreciaríamos, mas são fundamentalmente emocionais. O que podemos agora concluir desta outra evidência? Podemos tirar três tipos de conclusões, a partir do desenvolvimento das neurociências: por um lado, podemos aprender tudo se adquirirmos uma disponibilidade para tal; por outro aumentamos o autoconhecimento e incrementar a eficácia e eficiência pessoal; por outro lado ainda, incrementamos a capacidade de síntese, âncora da antevisão do futuro. E, para concluir, estas capacidades são fundamentais para incrementarmos a nossa sustentabilidade enquanto ser, quer na esfera pessoal e familiar, quer na esfera do trabalho.

Um exemplo elucidativo da perspectiva que acabo de escrever foi a colaboração da neurocientista brasileira Pamella Billig Mello Carpes com a PWN Lisbon em 2017. Esta neurocientista laureada no “For Women in Science”, Prémio Unesco L’ Oréal 2017, partilhou os resultados das suas pesquisas na sua conferência sobre “A Importância do cuidado parental no início da vida para o desenvolvimento da aprendizagem e memória: Evidências de estudos experimentais”.

Em suma, é isto que significa aprender ao longo da vida. Tendo o “Eu” preservado, aprendemos tudo o que quisermos (”Querer é Poder”), normalmente em relação (como diziam os mosqueteiros, um por todos e todos por um), empreendendo para os diferentes ciclos de vida – bons e menos bons – e, já agora e se possível, estando atentos ao conhecimento desvendado pelas ciências. Olhar para a liderança a partir de uma perspectiva nova – a das neurociências.

O Programa de Neuroliderança

Neste quadro, a PWN Lisbon foi pioneira ao iniciar um Programa de Neuroliderança com o sábio conselho do Professor Doutor Góis Horácio e a parceria de Nélia Câmara, equipa esta mais tarde incrementada com Rita Pelica, e posteriormente com Lara Próspero. Um programa pioneiro com treze anos e com várias atualizações dada a evolução da última década. Nas suas fundações encontramos os conhecimentos mais recentes: das neurociências, mas também da neurofisiologia, da psicologia, da nutrição e da geopolítica. Geopolítica? Sim porque vivemos tempos geradores de muita ansiedade. Por um lado, o sistema internacional está em profunda transformação, e as previsões são estéreis. Por outro, a ansiedade pode tornar-se disfuncional, perturbando o foco atencional.
Hoje, o Programa de Neuroliderança desenrola-se ao longo de seis meses, sendo composto por duas fases, cada uma com três módulos, e associando seis pilares fundamentais que ajudam a criar novas relações neuronais entre aspetos da vida que podem parecer desconectados mas que, ligados de uma certa forma, podem gerar novas redes neuronais que ajudam a promover uma nova visão, pessoal e transmissível, com impacto na mudança, no foco e na diminuição da ansiedade: a era digital; a geopolítica; a saúde; o stress, alimentação e neurofisiologia; a ética; e o life design.

O programa tem contado desde a primeira hora com a colaboração de voluntários que acreditaram nos valores da PWN Lisbon, e contribuíram com entusiasmo para a sua sustentabilidade. Impactámos mais de mil formandos, homens e mulheres. Mas é impossível esquecer todos os formadores que, generosamente, partilharam o seu saber e a sua experiência, neurocientistas, militares, artistas plásticos, médicos, gestores, engenheiros, psicólogos e professores. E também é impossível finalizar este artigo se mencionar todas as colaborações de oradoras oriundas de outras PWN e desde o primeiro ano: PWN Global, PWN Paris, PWN Roménia, PWN Varsóvia, PWN Zagreb, PWN Istanbul, PWN Nice.

Uma penúltima palavra a todos os parceiros e instituições amigas que nos proporcionam, ano após ano, a logística para que este milagre possa acontecer. Tudo começou na Academia Militar em 2011 e com a SinAse! A última palavra é dirigida ao meu Pai que, desde que eu era criança, percebeu que as mulheres iam mudar o mundo, mostrando-se que só não fazemos o que não queremos.

Obrigado a todos. Você e Eu, como Martin Buber ensina. Já conheceu a PWN Lisbon?

 

Parceria PME Magazine/PWN Lisbon 
Este artigo faz parte de uma parceria editorial estabelecida entre a PME Magazine e a PWN Lisbon (Professional Women’s Network).

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