Sábado, Abril 12, 2025
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Rejeição no trabalho

Por: Rui Machado, Performance mental e consciência 


Na tentativa de agradar aos outros, não nos estará a escapar algo?

Necessidades interpessoais como pertencer à comunidade, aceitação, apoio, reconhecimento, estão na base das nossas ações. Grande parte das vezes fazemo-lo de forma inconsciente, aquele piloto automático que nos permite poupar energia para necessidades vitais que temos. Lidar com estas necessidades de forma consciente permite-nos ter um grande poder, o poder da Escolha!

Numa passagem por uma empresa (numa outra vida como costumo referir), fui colocado numa equipa, que estava depois dividida em subequipas. A pessoa que era suposto ensinar-me os procedimentos e ir-me integrando na empresa estava de mal com a vida. Agia como vítima de tudo e não tinha tempo para mim (no entanto ia beber café e almoçar comigo, passando horas a criticar e falar mal de tudo e todos). Nada funcionava bem ali, e eu, absorvido em tudo que ouvia, 3 meses e pouco após ter começado naquela empresa, apresentei a carta de demissão. Pressentia que mentalmente estava a entrar num buraco enorme e tive a capacidade de o evitar. No entanto, a imagem que ficou de mim, foi de alguém que abandonou os projetos e deixou na mão todos os colegas.

Cerca de 2 meses após este episódio, a mesma empresa propôs o meu regresso para a mesma equipa, no entanto noutra subequipa. Aceitei o desafio. Os 2 meses em casa deram-me a oportunidade para estar mais bem preparado e o meu foco passou a ser no meu talento e na paixão que me movia para estar ali. Posso dizer que estive lá mais de 2 anos, até aparecer uma proposta de outra empresa para a qual fui. Saí “em ombros”, como se costuma dizer, e deixei as portas abertas. Durante o tempo em que lá estive, fui requisitado para liderar a área onde estava, todos queriam trabalhar comigo, e as chefias começaram a interagir mais com as suas equipas, coisa que não faziam anteriormente!

A toxicidade pode vir de outras pessoas, mas também dos conteúdos televisivos a que assistimos, das redes sociais que consumimos, ou até criada por nós próprios. Tão ou mais importante do que estarmos alerta para todas as situações que não nos trazem nada de bom, é investir na prevenção e estarmos mais bem preparados. A melhor prevenção que conheço, tal como descrevi acima, vem de trabalhar em nós. Saber o que queremos e porque o queremos. Tantas vezes ouvimos que não devemos desistir, contudo a questão que deixo para cada um refletir é: já se perguntaram “porquê quero isto”? Talvez existam situações em que a melhor opção é mesmo desistir, pois não nos vai levar a algo que de facto queiramos.

Para atingir os nossos objetivos também é importante limpar o ambiente, retirar distrações (se não temos, não somos tentados a…). Tornamos as coisas mais simples quando desenvolvemos hábitos bons, mudamos o ambiente, tornando-o mais “limpo”. No caso que descrevi, limpar o ambiente poderia ter sido deixar de ir ao café ou almoçar com a dita pessoa, impor limites na conversa, ou utilizar um exercício a que chamo “apontar o dedo”. Quando apontamos o dedo a alguém ficam 3 dedos virados para nós. Nesta analogia o dedo que eu apontaria seria criticar/culpabilizar o outro, e os 3 dedos que ficariam virados para mim seriam:
1. O que eu observo
2. O que me faz sentir a situação (necessidade que eu tenho)
3. Pedido que vou fazer para o bem do todo

Logo, eu poderia dizer algo como: (1) observo, pelo que me vais dizendo, que não te sentes bem aqui; (2) no entanto, sinto-me frustrado por não estar a aprender e evoluir na empresa; (3) como és experiente e sabes muito disto, podes dizer-me como se faz “x” ou como utilizo a ferramenta “y” para me sentir mais bem preparado.

Proponho que cada um perceba qual é o seu talento. Tal como um “dom”, o talento é algo que fazemos com tal facilidade que chegamos a pensar que todos o fazem de igual forma. Mas não, é algo muito nosso. E a paixão, algo que gostamos mesmo de fazer e fazemos por satisfação, que nos faz sentir aquelas borboletas no estomago, que nos entusiasma! Depois, desenvolver ambos.

Ao fazer escolhas de forma mais consciente, estamos mais alinhados com o caminho que queremos, saímos do piloto automático construído por elementos que nem sequer fazem parte dos nossos valores, pois foram apreendidos pelo contacto com outras pessoas. Muitos deles na infância, onde, tal como esponjas, absorvemos tudo e validamos como verdades. Abracemos a nossa criança (pois ela aprendeu a sobreviver e trouxe-nos até aqui), no entanto agora temos a capacidade de escolher o que é ou não bom para nós e (re)começar a viver!

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