Por: Zita Calhau, psicóloga clínica da SOS Voz Amiga
Todos nós já experimentámos stress e sabemos que se trata de uma resposta fisiológica normal que nos prepara para reagir a algo que aconteceu ou vai acontecer.
Será uma experiência de vida que configurará um desafio, obstáculo ou frustração.
O stress pode ser positivo quando dentro dos limites do necessário para nos ajudar a enfrentar um determinado desafio, como fazer um exame ou falar em público, ou negativo, se for gerador de ansiedade que nos dificultará o confronto com esse desafio, situação pessoal, familiar ou profissional.
Os indivíduos apresentam capacidades e estilos diferentes de resposta ao stress dependendo de muitos fatores, como a visão que se tem da vida, a qualidade dos relacionamentos, a inteligência emocional ou da própria genética.
Para combater o stress negativo, que pode levar a situações de fadiga, esgotamento e desmotivação, que podem ocorrer ainda mais no contexto de pandemia que estamos a viver, é prudente adotar atitudes preventivas, tais como:
◊ Evitar responder de imediato às dificuldades dando a si mesmo tempo de avaliação;
◊ Fazer balanços diários das dificuldades ou sucessos nas tarefas ou comportamentos;
◊ Fazer pequenas pausas ao longo do dia, que permitam recuperar energia;
◊ Aprender a desligar-se do foco de stress, realizando exercícios de respiração profunda abdominal, meditação, ioga.
Na atualidade, o foco mais severo prende-se com a saúde, o risco de doença ou mesmo de morte, não só própria como dos entes queridos.
De igual modo, as consequências desta situação de saúde na economia e na perda de trabalho ou do poder de compra agravam de forma significativa os fatores de stress gerador de ansiedade.
As atitudes preventivas devem passar por manter-se informado sem estar obsessivamente ligado às fontes de informação, criar novos modos satisfatórios de relacionamento com familiares, amigos e colegas de trabalho, bem como criar ou aderir a atividades pessoais gratificantes.
Assim, as situações de stress negativo excessivo ou traumáticas podem conduzir a crises de ansiedade que se podem apresentar já desligadas do fator stressor.
Estas crises podem ser caracterizadas por:
◊ Preocupação excessiva, sensação de ameaça, medo, medos irracionais;
◊ Transtorno alimentar, problemas digestivos ou do sono;
◊ Mudanças de humor;
◊ Tensão muscular e outras.
Se esta situação já está instalada, uma das melhores ferramentas poderá ser a psicoterapia. Com a ajuda do terapeuta, ou sozinha, a pessoa precisa de identificar os fatores desencadeadores da crise de ansiedade.
Neste sentido, e na falta de um acompanhamento psicoterapêutico, os relacionamentos pessoais de qualidade podem ser de grande ajuda ou, na sua ausência, e é aqui que se enquadra o trabalho dos voluntários da Linha SOS Voz Amiga, facultar a possibilidade de haver alguém que oiça a pessoa em dificuldades e devolva ideias que, com afeto e sem julgamento, possam ajudar o apelante a encontrar novos pontos de vista, novas saídas e a reencontrar em si mesmo capacidades de resolução dos problemas.