Por: Afonso Godinho e Mafalda Marques
Lançada em 2003, a rede social profissional LinkedIn veio alterar as normas de interação entre empregadores e desempregados. A rede social conta atualmente com cerca de 744 milhões de utilizadores, em mais de 200 países, tendo sido criada para estabelecer oportunidades económicas adaptadas a cada pessoa e às suas necessidades. O objetivo é simples: conectar profissionais.
Depois de, em junho de 2016, a Microsoft ter adquirido o LinkedIn, a notoriedade da rede aumentou exponencialmente – o maior serviço de cloud profissional do mundo unia-se com a maior rede profissional, a nível global. Estava dado o mote para aquilo que seria a expansão desta rede social nos últimos anos, com o CEO da Microsoft, Satya Nadella, a afirmar que “a cada sete segundos, alguém é contratado pelo LinkedIn”.
Em Portugal, esta rede social não passou despercebida e o país conta já com mais de 4 milhões de membros. No entanto, e apesar da notoriedade que esta plataforma tem atingido um pouco por todo o mundo, criar uma conta não é, por si só, sinónimo de uma utilização eficiente de todas as potencialidades.
Vários líderes de empresas com contas no LinkedIn fazem uma gestão cuidadosa da mesma, tendo como base o pensamento de que uma “forte” presença nesta rede social pode significar um apoio para as empresas que defendem. Há quem dê muita importância ao uso de palavras-chave nas publicações, há quem considere a atividade e frequência das mesmas outro fator fundamental, bem como as imagens e conteúdos partilhados.
Pedro Caramez, consultor de marketing digital, refere em entrevista à PME Magazine, os sete erros das páginas de empresa no Linkedin. O especialista aponta o uso de uma página da empresa, de imagens, de uma descrição da empresa, da associação de administradores à página, da comunicação através da página, da gestão de grupos corporativos e da sensibilização dos funcionários para a rede social como alguns dos “pontos-chave” para uma adequada utilização do LinkedIn por parte das empresas.
Na sequência do artigo publicado pela PME Magazine, relativo ao TOP 50 CEO em Portugal no Linkedin, procuramos agora mostrar-lhe de que forma é que alguns destes líderes gerem a sua conta, bem como as inspirações que possam ter para o fazer.
Javier Pareja, o CEO da Bosch em Portugal e Espanha, é, atualmente, 2º classificado do ranking elaborado pela PME Magazine, em parceria com Pedro Caramez, relativamente ao TOP 50 CEO em Portugal no LinkedIn. O CEO conta com mais de 37.000 conexões na rede social profissional.
O CEO da Bosch Portugal e Espanha gere a sua própria página e seleciona os conteúdos a publicar, apesar de contar com algumas orientações estratégicas, por parte da equipa de comunicação, sobre os conteúdos da Bosch que podem fazer sentido para os seus seguidores. Javier Pareja acredita na importância da atividade das mensagens que publica no LinkedIn, uma vez que a rede o conecta a mais de 37 mil pessoas de diferentes países que acompanham e valorizam não só o seu trabalho, como as publicações e partilhas que faz na rede social.
Em relação aos conteúdos publicados no LinkedIn, Javier Pareja admite que a maior parte é escrita por si, de acordo com as atividades em que está envolvido, para além das partilhas que regularmente faz. Estas são relativas a conteúdo institucional da Bosch, a pessoas que acompanha e de alguma forma o inspiram bem como pessoas com quem tem a oportunidade de colaborar (no caso de conteúdo relevante para a sua rede).
“Quem está comigo num evento ou numa reunião na Bosch já sabe que eu posso pedir para fazermos uma foto que posteriormente vai ser partilhada no LinkedIn. A maior parte das pessoas alinha e até valoriza essa divulgação, que acaba por ser também uma forma de reconhecimento”, revela o CEO.
Os critérios pelos quais se pauta para fazer a gestão da rede, Javier Pareja admite tentar publicar, pelo menos, um post por dia, com conteúdos relativos a eventos da empresa. Para além disso, o CEO procura dar algum destaque ao lado social da empresa e à importância dos colaboradores, para além de procurar reduzir as distâncias para o público em geral: “Não existem pessoas mais ou menos importantes, simplesmente algumas são mais conhecidas”, destaca.
Um último critério, para Javier Pareja, é a partilha de algumas reflexões sobre liderança, humildade e gestão da mudança. Nesse aspeto, e como figuras de inspiração e referência desta rede social, o CEO não destaca nenhuma em particular, revelando a sua inspiração por pessoas que lhe são importantes, “mas, se calhar, não tão conhecidas”.
O 3º classificado do ranking sobre os TOP 50 CEO em Portugal no LinkedIn, é Mário Ferreira, CEO da Douro Azul, e conta com mais de 34.000 conexões na rede social.
O CEO da Douro Azul revela fazer uma gestão pessoal da sua página de LinkedIn, sendo o próprio a escrever os conteúdos, que passam por notas informativas acompanhadas de uma imagem.
Mário Ferreira adianta que, inicialmente, utilizava a página como uma forma de divulgar novidades aos funcionários do grupo, tendo mudado de estratégia quando percebeu o potencial da rede social para estabelecer contactos com potenciais bons quadros que poderiam estar interessados em colaborar com a empresa.
O líder do Grupo Douro Azul não demonstra ter alguma referência relativamente a uma figura da rede social, uma vez que o que lhe chama mais a atenção “são, essencialmente, novidades de índole económica e tecnológica”, sendo esse tipo de perfis e grupos que segue.
Já Ricardo Costa, o CEO do Grupo Bernardo Costa, é o atual 4º classificado do ranking e regista mais de 31.000 conexões.
O líder do Grupo Bernardo Costa admite ser o próprio a gerir a sua conta, a escrever os conteúdos que são publicados, sublinhando a importância da atualização constante das informações de perfil, da partilha de informações relevantes sobre produtos/serviços da empresa, partilha de textos/artigos relativos aos departamentos de Felicidade e Responsabilidade Social do Grupo, bem como a partilha de textos relacionados com a atração, captação e retenção de talento da empresa.
Como figuras inspiradoras e de referência nesta rede social, Ricardo Costa revela a sua admiração por Pedro Caramez, em Portugal, e Anthony J. James, a nível internacional.
Bruno Mota, o CEO da Bold by Devoteam, é o atual 6º classificado do ranking e conta com mais de 30.000 conexões no LinkedIn.
O líder da Bold by Devoteam refere que a gestão da sua página do LinkedIn é um trabalho coletivo, entre o próprio e a equipa de marketing e comunicação. “Para mim sempre foi essencial a autenticidade da minha página, pois é onde eu, para além de CEO, também comunico a nível pessoal. Agora, ao final de vários anos de colaboração próxima com a minha equipa de marketing, sinto a total confiança em fazer esta gestão conjunta, pois já há um conhecimento dos temas, tom e postura que me identifica”, assume.
Em relação à escrita e produção de conteúdos, Bruno Mota afirma que os mesmos são, na sua maioria, produzidos por si, com algumas imagens, documentos e outro tipo de publicações a serem propostos pela equipa de Marketing e Comunicação e aprovados, posteriormente, pelo CEO.
Os critérios da sua gestão de página passam por uma forte ligação à cultura da empresa e ao próprio, focando-se nos colaboradores e nos parceiros de toda a comunidade integrante. Nesse sentido, a empresa aposta na partilha de conteúdos relevantes para os mesmos, e que façam a diferença ao enriquecer a comunidade. “Acredito que, enquanto CEO e responsável de um negócio, tenho também a missão de conduzir e dinamizar discussões sobre os temas importantes para as empresas e os profissionais do nosso setor”, acrescenta Bruno Mota.
Em termos de referência na página, o líder assume a identificação com o estilo de Satya Nadella, CEO da Microsoft, por ser alguém que “faz um bom uso da rede, interagindo com a comunidade e partilhando conteúdo variado”.
Helena Lencastre, a CEO da Multidados, regista cerca de 30.000 conexões na rede social profissional e é a atual 7ª classificada do ranking.
É a própria quem faz a gestão da sua página, procurando investir algum do seu tempo (diariamente) nesse sentido, de forma a passar a credibilidade da sua identidade e dos ideais da empresa que gere, criando empatia com as marcas e com as pessoas. Para a líder da Multidados, esta é única rede social a que se dedica de forma “integral e exclusiva”, uma que considera ser a que mais a enriquece a nível pessoal e profissional.
Os conteúdos da página são escritos pela própria CEO, que conta com o apoio da equipa da sua empresa para compilar algumas informações que considera importantes publicar. Contudo, a partilha de conteúdo é algo que encara de forma seletiva, tendo em conta a sua própria rede.
“Gosto de partilhar dados que nos ajudam a chegar às marcar e lhes possam trazer algum conhecimento, quase sempre em tempo real, da opinião dos portugueses nos mais diversos sectores”, refere Helena Lencastre, reforçando que tenta gerir mensalmente as suas conexões e verificar com quais interage.
Enquanto figuras de referência da rede, a CEO aponta várias, mas opta por destacar a sua própria experiência e vontade de aprender e evoluir.
Miguel Pina Martins, o CEO da Science 4 You, é o atual 8º classificado, contando com cerca de 29.000 conexões na rede social profissional.
O CEO afirma ser o seu parceiro de Personal Branding a fazer a gestão da sua página de LinkedIn, de forma a potenciar a sua presença junto da rede e dos meios. Os conteúdos são elaborados e publicados em equipa, com base numa estratégia de engagement prévia que tem sempre o “cunho pessoal” do líder através de reuniões de brainstorming semanais com a sua equipa, onde são avaliados os aspetos positivos e negativos da rede.
Quanto a referências na rede social, Miguel Pina Martins revela a sua admiração por vários perfis, destacando o de Simon Sinek como “uma referência dado o seu perfil de liderança e visão otimista”, destacando-o como perfil que lhe transmite “inovação e resiliência”, duas skills que considera fundamentais no crescimento pessoal e profissional.
Já Rui Paiva, CEO da WeDo Technologies, é o atual 10º classificado do ranking e agrega cerca de 28.000 conexões na rede social profissional.
O líder da empresa revela ser o próprio que faz a gestão e a publicação de todos os conteúdos da sua página, que procura que sejam, quase exclusivamente, produzidos por si ou partilhas relativas a outras empresas a que está ligado.
Quanto a inspirações ou referências que tem na comunidade do LinkedIn, Rui Paiva não destaca nenhuma em particular.
Soraya Gadit, a CEO da InoCrowd, é a atual 11ª classificada e conta com perto de 26.000 conexões na rede social profissional.
A CEO revela que quem gere a página da InoCrowd é uma empresa de gestão de redes sociais, sendo que a líder apenas gere a sua própria página de LinkedIn. Os conteúdos publicados na sua página pessoal são os mesmos da página da InoCrowd, de forma estratégica e mensalmente trabalhada, sempre com “um toque personalizado”. Os assuntos partilhados pautam-se com casos de sucesso da empresa, bem como com a área da Saúde, uma vez que a líder empresarial é farmacêutica.
Em termos de figuras de referência no LinkedIn, Soraya Gadit aponta Pedro Caramez, “pela forma pragmática como aborda os temas de liderança e pela inteligência emocional nas suas palavras e atitudes”.
Com 24.500 conexões na rede social, Miguel Soares, o CEO da Partteam, é o atual 12º classificado do ranking.
O líder empresarial refere que a sua página do LinkedIn é gerida por si, sendo o mesmo a escrever e publicar a maior parte dos conteúdos, com algumas partilhas das páginas oficiais da empresa.
Acima de tudo, Miguel Soares procura criar um misto de conteúdos relativos a negócios, liderança, motivação pessoal e performance, em conjunto com alguns conteúdos que lhe aparentem ter valor acrescentado.
Em termos de inspirações e referências dentro da comunidade do LinkedIn, aponta Simon Sinek, Richard Branson, Gary Vaynerchuck, Satya Nadella e Ricardo Amorim.
Como comprovado pelos principais líderes empresariais de Portugal, o LinkedIn é uma rede que tem ganho cada vez mais destaque e à qual os profissionais só tirarão vantagens se apostarem nesta plataforma. Uma planificação estratégica pode, muitas vezes, fazer a diferença ao nível da comunicação das marcas, da procura por novos colaboradores, bem como da própria imagem das empresas, numa rede social profissional que se demonstra cada vez mais importante no mundo laboral e empresarial.